São Paulo, segunda-feira, 23 de abril de 2001

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SOS INFÂNCIA

Governo estadual fecha órgão que atendia crianças que moram nas ruas, e município não tem estrutura para assisti-las

Estado e prefeitura abandonam menores

Patrícia Santos/Folha Imagem
Crianças que antes recebiam assist~encia do SOS Criança dormem na calçada da av. Ipiranga (centro de São Paulo); não existe órgão público para atendê-las na cidade


GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

No dia 11 de abril, policiais militares entraram no escritório do Conselho Tutelar da Sé, no centro de São Paulo, para "entregar" um garoto surdo-mudo e aparentemente autista, que havia sido encontrado perambulando por Higienópolis, região central.
O escritório não tem cama, chuveiro ou assistente social para abrigar crianças e adolescentes. Desde o fechamento do SOS Criança, no dia 5, os menores "em situação de rua" -classificação técnica para os que dormem nas praças e esmolam comida- praticamente não têm para onde ir.
Não se sabe ao certo o número de desassistidos. O SOS atendia, em média, 150 crianças por dia. Estimativa do Conselho Tutelar da Sé, região de maior concentração de população de rua na capital, indica que pelo menos 300 meninos que vivem entre o Vale do Anhangabaú, as praças da República e da Sé, o parque Dom Pedro e o bairro de Santa Cecília recorriam ao órgão estadual.
De um lado, o governo do Estado, por meio da Secretaria da Assistência e do Desenvolvimento Social, diz que o fechamento do SOS foi negociado com a Prefeitura de São Paulo. Além disso, afirma que a legislação determina a municipalização do atendimento.
A Secretaria Municipal da Assistência Social rebate. Diz que o fechamento foi súbito e que o Estado, coordenador do serviço por seis anos, não esperou a administração Marta Suplicy (PT) criar estrutura para atender crianças.


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