|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
OUTRO LADO
Membros de gestões anteriores negam falhas
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-diretor-presidente do zôo
André Luiz Perondini diz que foi
em sua gestão que começaram a
ser adotados vários procedimentos de controle, depois concluídos
pela atual administração.
De acordo com o ex-diretor,
quando ele assumiu aparentemente todos os bichos tinham fichas, mas "havia certo descontrole" do acervo: parecia haver certa
discordância entre os documentos e a realidade do zôo.
Em sua passagem, então, foi iniciada uma revisão geral. "Mas não
posso vigiar tudo", afirmou, em
referência a eventuais irregularidades praticadas pelos responsáveis pelo controle da entrada e saída de animais nos setores.
Segundo o ex-diretor, sua gestão iniciou, por exemplo, a chipagem do exemplares. Ele diz que
trabalhou em conjunto com o
atual diretor-presidente, Paulo
Bressan, durante cinco meses, em
2001 -Bressan, até julho, só presidia o Conselho Superior do zôo.
Bressan confirma a parceria e o
apoio que recebeu do antecessor.
Perondini, porém, estava no cargo havia apenas dois anos. Em
1999, sucedera Adayr Mafuz Saliba, que já morreu.
O ex-diretor disse ainda não ter
sido informado de nenhuma irregularidade ou de sumiço de bichos, por isso nenhuma sindicância foi aberta. "Se alguém estava
desviando, não posso saber."
Perondini também avoca para a
sua gestão o início da revisão de
vários contratos, como o da sorveteria e o da bomboniere, este último "problemático e cancelado".
Ele confirma que um funcionário da Secretaria de Esportes, cujo
nome não precisou, ficava no zôo,
mas nega que ele interferisse em
decisões administrativas.
Versão do ex-secretário
Secretário de Esportes à época,
Marcos Arbaitman diz que "lembra vagamente" do funcionário
que mantinha no local. "Eles que
te digam quem é. Quem mandava
era o conselho e o diretor", afirma. "Localiza ele [sic] para eu dar
um abraço", disse ainda.
O ex-secretário frisou que o zôo
tem autonomia em relação à pasta à qual está ligado, seja ela qual
for. "Pela primeira vez soube dessa história de entreposto de animais", afirmou à reportagem, referindo-se ao narrado descontrole na entrada e saída de bichos.
"Eu não soube à época que tivesse
sumido uma só formiga."
Arbaitman nega que tenha indicado ao governador o nome de
Marcelo Gutglas, presidente do
Playcenter, para a presidência do
Conselho Superior. Afirma, porém, ter apoiado o nome, porque
Gutglas é "conhecido no ramo".
O ex-secretário sustentou ainda
que o zoológico "tem de ser de
pesquisa", mas disse que a secretaria poderia melhorar o estacionamento, a área de alimentação e
a infra-estrutura turística.
Gutglas não se pronunciou sobre sua indicação para a presidência do Conselho Superior do zôo
nem sobre os motivos pelos quais
ficou tão pouco tempo no posto.
Presidente do órgão na gestão
de Perondini, Elizabeth Hölfling
diz que o conselho não tem a função de acompanhar o dia-a-dia do
zôo, mas de discutir políticas para
a instituição. "Os diretores é que
sabem. O conselho não administra, ele é informado."
Ela nega que o conselho tenha
sofrido algum tipo de pressão da
secretaria. Flávio Fava de Moraes,
que sucedeu Hölfling e antecedeu
Gutglas, não foi localizado.
Elisson Zapparoli, presidente
do Sindicato dos Empregados em
Casas de Diversão de São Paulo,
descarta a possibilidade de funcionários descontentes com os resultados da greve de 2003 terem
usado veneno no parque.
Os trabalhadores reivindicavam
18,54% de reposição de perdas inflacionárias. Ganharam no Tribunal Regional do Trabalho de São
Paulo, que também considerou a
greve legal, mas perderam quando a fundação recorreu ao Tribunal Superior do Trabalho.
O biólogo Luís Sanfelippo não
foi localizado pela reportagem.
Funcionário do zôo por dez anos
e ex-diretor da divisão de aves
quando aconteceram diversos sumiços no setor, ele disse, em depoimento, que foi demitido por
estar em "desacordo com a nova
filosofia implantada", que não
previa, diz ele, "medidas expressivas para combater o furto de animais" do zoológico.
Sanfelippo atribui o desaparecimento de bichos ao remanejamento de funcionários, o que, segundo ele, "desestabilizou as rotinas". Ele não soube citar o nome
de nenhum trabalhador que tenha tido a função alterada pela
nova administração.
(SC e FL)
Texto Anterior: Sobrevida de bicho pode ter sido de um mês Próximo Texto: Barbara Gancia: O "momento errado" de Marcello Anthony Índice
|