São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2004

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Relatório vê controle falho de armas

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A Procuradoria da Justiça Militar do Rio abriu ontem inquérito para investigar se as oito minas terrestres encontradas na terça-feira na favela da Coréia (Senador Camará, zona oeste) pertenciam ao Exército.
Um relatório da Procuradoria sobre o desvio de armas de quartéis no Estado do Rio sugere que as Forças Armadas não têm controle eficiente sobre seus arsenais.
O documento, concluído em outubro do ano passado, tinha como objetivo levantar o número de armas desviadas de unidades militares do Rio entre 1992 e 2002. De acordo com o levantamento da Procuradoria, foram desviadas, no período, 145 armas pertencentes às Forças Armadas.
Segundo o MPM (Ministério Público Militar), a Marinha só forneceu dados a partir de 1995, enquanto o Exército e a Aeronáutica só tiveram condições de repassar as informações a partir de 1998, o que indicaria a existência de falhas no controle dos arsenais.
O relatório, entregue à Procuradoria Geral da República, sugeriu ainda a criação de um grupo de trabalho para apurar o desvio de armas em âmbito nacional. O grupo ainda não foi criado. A Procuradoria da Justiça Militar do Rio ainda faz o levantamento.
De quartéis da Aeronáutica, foram desviadas 76 armas, das quais oito foram recuperadas. Os maiores índices de desvio ocorreram entre 2000 e 2001 -71 armas sumiram. Entre elas, 19 fuzis HK-33 e 11 submetralhadoras 9 mm.
Do Exército, foram desviadas 53 armas, sendo 21 fuzis calibre 7.62 e 20 pistolas 9 mm. Oito dessas armas foram recuperadas, segundo o relatório. No caso da Marinha, 34 armas foram desviadas de unidades do Rio entre 1995 e 2002. Entre elas, 15 pistolas 9 mm, 10 fuzis e 6 submetralhadoras.

Acauteladas
O grupo de trabalho da Procuradoria da Justiça Militar constatou que 117 armas desviadas das Forças Armadas estavam acauteladas pela Polícia Civil no depósito da Dfae (Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos).
Em ofício à Dfae, a Procuradoria pediu a devolução das armas. O diretor da Dfae, delegado Luiz Carlos dos Santos, disse que todas as armas já foram devolvidas.
Em nota, o Exército informou que controla rigidamente seus arsenais por meio de registros freqüentemente atualizados, conferências diárias do armamento e restrição de acesso a depósitos. A nota informa que o Exército realiza controle estatístico de armas e munições desviadas.
Segundo o Exército, em 2003, dois fuzis e uma pistola foram desviados de unidades da 1ª Região Militar -Rio, Minas Gerais e Espírito Santo. Dois fuzis teriam sido desviados neste ano.
O Exército informou que, de 1995 a 2004, 178 armas e 7.788 projéteis foram desviados em todo o Brasil, com a recuperação de 117 e 5.555, respectivamente.
A Aeronáutica informou, por meio de seu Centro de Comunicação Social, que não cometeu falhas. Contatada pela Folha , a Marinha não havia respondido até a conclusão desta edição.


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