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Relatório vê controle falho de armas
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A Procuradoria da Justiça Militar do Rio abriu ontem inquérito
para investigar se as oito minas
terrestres encontradas na terça-feira na favela da Coréia (Senador
Camará, zona oeste) pertenciam
ao Exército.
Um relatório da Procuradoria
sobre o desvio de armas de quartéis no Estado do Rio sugere que
as Forças Armadas não têm controle eficiente sobre seus arsenais.
O documento, concluído em
outubro do ano passado, tinha
como objetivo levantar o número
de armas desviadas de unidades
militares do Rio entre 1992 e 2002.
De acordo com o levantamento
da Procuradoria, foram desviadas, no período, 145 armas pertencentes às Forças Armadas.
Segundo o MPM (Ministério
Público Militar), a Marinha só
forneceu dados a partir de 1995,
enquanto o Exército e a Aeronáutica só tiveram condições de repassar as informações a partir de
1998, o que indicaria a existência
de falhas no controle dos arsenais.
O relatório, entregue à Procuradoria Geral da República, sugeriu
ainda a criação de um grupo de
trabalho para apurar o desvio de
armas em âmbito nacional. O
grupo ainda não foi criado. A Procuradoria da Justiça Militar do
Rio ainda faz o levantamento.
De quartéis da Aeronáutica, foram desviadas 76 armas, das
quais oito foram recuperadas. Os
maiores índices de desvio ocorreram entre 2000 e 2001 -71 armas
sumiram. Entre elas, 19 fuzis HK-33 e 11 submetralhadoras 9 mm.
Do Exército, foram desviadas 53
armas, sendo 21 fuzis calibre 7.62
e 20 pistolas 9 mm. Oito dessas armas foram recuperadas, segundo
o relatório. No caso da Marinha,
34 armas foram desviadas de unidades do Rio entre 1995 e 2002.
Entre elas, 15 pistolas 9 mm, 10 fuzis e 6 submetralhadoras.
Acauteladas
O grupo de trabalho da Procuradoria da Justiça Militar constatou que 117 armas desviadas das
Forças Armadas estavam acauteladas pela Polícia Civil no depósito da Dfae (Divisão de Fiscalização de Armas e Explosivos).
Em ofício à Dfae, a Procuradoria pediu a devolução das armas.
O diretor da Dfae, delegado Luiz
Carlos dos Santos, disse que todas
as armas já foram devolvidas.
Em nota, o Exército informou
que controla rigidamente seus arsenais por meio de registros freqüentemente atualizados, conferências diárias do armamento e
restrição de acesso a depósitos. A
nota informa que o Exército realiza controle estatístico de armas e
munições desviadas.
Segundo o Exército, em 2003,
dois fuzis e uma pistola foram
desviados de unidades da 1ª Região Militar -Rio, Minas Gerais e
Espírito Santo. Dois fuzis teriam
sido desviados neste ano.
O Exército informou que, de
1995 a 2004, 178 armas e 7.788
projéteis foram desviados em todo o Brasil, com a recuperação de
117 e 5.555, respectivamente.
A Aeronáutica informou, por
meio de seu Centro de Comunicação Social, que não cometeu falhas. Contatada pela Folha , a Marinha não havia respondido até a
conclusão desta edição.
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