São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2004

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RIO

Fabricante informou que artefatos apreendidos em depósito de traficantes são de mesmo lote comprado pela Aeronáutica

Granada foi vendida ao governo, diz empresa

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

As granadas M-20 apreendidas pela polícia na terça-feira em um paiol clandestino na favela da Coréia (Senador Camará, zona oeste do Rio) são do mesmo lote vendido em 1996 pela empresa fabricante RJC Defesa e Aeroespacial Ltda., de Lorena (SP), à Dirmab (Diretoria de Material Bélico) da Aeronáutica, no Rio.
A informação foi fornecida ontem pela empresa em fax enviado ao Exército e à Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio. O governo estadual divulgou o documento no início da noite.
O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informou que "não consta na Força Aérea Brasileira registro de desaparecimento desse tipo de armamento no acervo do Comando da Aeronáutica".
Com a data de ontem e assinado pelo diretor Robison Egydio Lopes, o documento da RJC informa que, em dezembro de 1996, ela forneceu à Dirmab 1.500 granadas do lote CEV-4-11-96, de acordo com contrato firmado entre as partes. O negócio não teve o valor divulgado no documento.
A empresa informa ainda no documento que, nas fotografias das armas apreendidas publicadas anteontem em jornais, aparecem espoletas acopladas a granadas de mão.
Essas espoletas, segundo a empresa de São Paulo, foram vendidas sem as granadas, em novembro de 1998, à CABSP (Comissão Aeronáutica Brasileira em São Paulo). O contrato previa o fornecimento de 7.000 espoletas à unidade da Aeronáutica.
No ofício, a RJC pede à Secretaria de Segurança Pública que preste mais dados sobre as granadas M-3 também apreendidas para que possa indicar a quem e quando esse lote foi vendido.
Segundo a empresa, as M-3 fabricadas a partir de 1996 tiveram o número do lote gravado "em baixo relevo no corpo da granada". A RJC pede ao Exército e ao governo do Rio que verifiquem se há gravações do tipo nos explosivos apreendidos na favela da Coréia.
Na terça-feira, a polícia achou 161 granadas M-3 e M-20, oito minas terrestres, 30 mil munições, um fuzil e 11 coletes escondidos em um buraco no subsolo de uma casa na favela. A polícia investiga como o arsenal chegou às mãos dos traficantes. Segundo a Secretaria de Segurança, o arsenal pertence a Robson André da Silva, o Robinho Pinga, líder da facção TCP (Terceiro Comando Puro).
Procurada ontem pela Folha, antes da divulgação do seu fax, a RJC informou que foi orientada pelo Ministério da Defesa a não comentar o assunto.
A Polícia Civil investiga a possibilidade de as oito minas terrestres encontradas terem sido adquiridas por traficantes em uma troca por drogas.


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