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RIO
Fabricante informou que artefatos apreendidos em depósito de traficantes são de mesmo lote comprado pela Aeronáutica
Granada foi vendida ao governo, diz empresa
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
As granadas M-20 apreendidas
pela polícia na terça-feira em um
paiol clandestino na favela da Coréia (Senador Camará, zona oeste
do Rio) são do mesmo lote vendido em 1996 pela empresa fabricante RJC Defesa e Aeroespacial
Ltda., de Lorena (SP), à Dirmab
(Diretoria de Material Bélico) da
Aeronáutica, no Rio.
A informação foi fornecida ontem pela empresa em fax enviado
ao Exército e à Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio. O
governo estadual divulgou o documento no início da noite.
O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informou que
"não consta na Força Aérea Brasileira registro de desaparecimento
desse tipo de armamento no acervo do Comando da Aeronáutica".
Com a data de ontem e assinado
pelo diretor Robison Egydio Lopes, o documento da RJC informa
que, em dezembro de 1996, ela
forneceu à Dirmab 1.500 granadas
do lote CEV-4-11-96, de acordo
com contrato firmado entre as
partes. O negócio não teve o valor
divulgado no documento.
A empresa informa ainda no
documento que, nas fotografias
das armas apreendidas publicadas anteontem em jornais, aparecem espoletas acopladas a granadas de mão.
Essas espoletas, segundo a empresa de São Paulo, foram vendidas sem as granadas, em novembro de 1998, à CABSP (Comissão
Aeronáutica Brasileira em São
Paulo). O contrato previa o fornecimento de 7.000 espoletas à unidade da Aeronáutica.
No ofício, a RJC pede à Secretaria de Segurança Pública que
preste mais dados sobre as granadas M-3 também apreendidas para que possa indicar a quem e
quando esse lote foi vendido.
Segundo a empresa, as M-3 fabricadas a partir de 1996 tiveram o
número do lote gravado "em baixo relevo no corpo da granada". A
RJC pede ao Exército e ao governo
do Rio que verifiquem se há gravações do tipo nos explosivos
apreendidos na favela da Coréia.
Na terça-feira, a polícia achou
161 granadas M-3 e M-20, oito minas terrestres, 30 mil munições,
um fuzil e 11 coletes escondidos
em um buraco no subsolo de uma
casa na favela. A polícia investiga
como o arsenal chegou às mãos
dos traficantes. Segundo a Secretaria de Segurança, o arsenal pertence a Robson André da Silva, o
Robinho Pinga, líder da facção
TCP (Terceiro Comando Puro).
Procurada ontem pela Folha,
antes da divulgação do seu fax, a
RJC informou que foi orientada
pelo Ministério da Defesa a não
comentar o assunto.
A Polícia Civil investiga a possibilidade de as oito minas terrestres encontradas terem sido adquiridas por traficantes em uma
troca por drogas.
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