Evelson de Freitas/Folha Imagem

Dom Paulo Evaristo Arns, que visitou ontem os presos em greve defome

da Reportagem Local

Os dez sequestradores do empresário Abílio Diniz, em greve de fome há dez dias, em São Paulo, começaram ontem a apresentar perda de memória para fatos recentes e lentidão de raciocínio.
Segundo Maria Emília Guerra Ferreira, psicóloga do sistema penitenciário de São Paulo, que examinou ontem os presos, eles também tiveram diminuição dos reflexos e da capacidade de concentração e estão mais irritados.
"Eles estão tendo dificuldade em fazer cálculos simples e não se lembram de imediato de coisas corriqueiras", disse.
Ela afirmou, no entanto, que eles continuam determinados a sustentar a greve até que sua reivindicação, de que sejam expulsos do país, seja atendida.
De acordo com a psicóloga e com o médico que examina diariamente os presos, Paulo César Sampaio, eles ficaram animados com a visita do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, que esteve ontem na penitenciária (leia abaixo).

Preocupação
O preso que apresentou maior diminuição de reflexos, memória e capacidade de concentração foi o chileno Sergio Olivares Urtubia. O seu estado de saúde é também o que mais preocupa Sampaio.
Segundo o médico, diretor de saúde do sistema penitenciário de São Paulo, Urtubia bebe pouca água e, ontem, estava cansado, fraco e tinha a pele descolorada.
Além disso, tanto ele como os outros presos tiveram um aumento no número de corpos cetônicos no corpo. Segundo Sampaio, isso indica que o organismo começou a consumir proteínas dos músculos, se tornando mais fraco.
O estado de saúde da chilena Maria Emília Marchi, que até então era a presa mais debilitada, está estável, apesar de ela continuar tendo tonturas e fraqueza.
Até agora, o preso que mais perdeu peso (6,4 kg) foi o argentino Humberto Paz, considerado o porta-voz do grupo. Mas, de anteontem para ontem, foi seu irmão, Horácio, quem mais perdeu peso: 1,2 kg.



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