|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ADMINISTRAÇÃO
Liminar foi concedida com base em ação movida pelo PSDB, alegando que reajuste fere artigo da Constituição
Justiça suspende aumento para secretários
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A 13ª Vara da Fazenda Pública
de São Paulo suspendeu ontem,
através de liminar (decisão provisória), o aumento salarial dos secretários da prefeita Marta Suplicy (PT). Ela disse que vai recorrer da decisão judicial.
Marta concedeu reajuste de até
41,65% a seu alto escalão por decreto, no mês de fevereiro. Os secretários municipais tiveram um
aumento de 28% -de R$ 4.700
para R$ 6.000. Em março, ela conseguiu aprovar uma lei com o
mesmo teor na Câmara Municipal de São Paulo.
O juiz Olavo Sá Pereira da Silva
aceitou o pedido da ação popular
apresentada pelo PSDB, partido
que também foi contra o reajuste
durante as discussões na Câmara.
Os tucanos alegaram que o aumento feriu o artigo 29, inciso 5º,
da Constituição, que define que a
fixação de subsídios de prefeito,
vice-prefeito e secretários é de iniciativa da Câmara Municipal.
"Violação de competência'
O projeto de lei foi encaminhado
aos vereadores pela prefeita, portanto teria ocorrido uma "violação da competência", de acordo
com a ação do PSDB.
Na decisão, o juiz afirmou que a
Constituição deve prevalecer sobre a Lei Orgânica do Município.
Essa legislação estabelece que a fixação do aumento de servidores é
de responsabilidade do prefeito.
Apesar de a lei de Marta aumentar o salário de administradores
regionais e de diretores de autarquias, a decisão judicial só vale
para os secretários.
A devolução ou não do dinheiro
pago desde fevereiro deste ano só
será avaliada no julgamento do
mérito da ação.
O PSDB conseguiu suspender o
reajuste de secretários depois de
duas derrotas. Os tucanos não
conseguiram evitar a vitória do
reajuste na Câmara, apesar de o
projeto ter provocado um racha
na bancada governista, que temia
pelo desgaste da medida frente
aos servidores municipais.
O vereador petista Beto Custódio votou contra o projeto. A vereadora Lucila Pizani, da mesma
legenda, se absteve da votação. O
diretório municipal do partido fez
uma repreensão pública aos dois.
Os tucanos também ingressaram com uma ação direta de inconstitucionalidade, com o mesmo objetivo, no TJ (Tribunal de
Justiça) de São Paulo, mas não
conseguiram a liminar.
Recurso
Marta Suplicy afirmou ontem,
durante visita à Administração
Regional do Butantã, na zona oeste de São Paulo, que não iria comentar a decisão da Justiça por
ainda não ter conhecimento do
conteúdo da liminar.
Ela afirmou, porém, que a Secretaria Municipal de Negócios
Jurídicos já estava preparando
um recurso judicial.
A titular da secretaria, Anna
Emília Cordelli Alves, afirmou
que a prefeitura deve ingressar
hoje com um recurso chamado
agravo de instrumento para tentar anular a liminar.
De acordo com Anna Emília, o
que foi reajustado pela prefeita foi
a verba de representação do secretário, e não o subsídio.
O presidente da Câmara, José
Eduardo Cardozo (PT), afirmou
que o Poder Legislativo também
vai tentar derrubar a liminar. "A
lei foi aprovada pela maioria dos
vereadores, e, por isso, a Câmara
deve defender essa posição."
Segundo o vereador, o secretário não recebe subsídio (valor fixo), mas sim vencimentos (que
inclui as gratificações, por exemplo). "O município não se adequou à Constituição nesse aspecto", afirmou Cardozo.
Advogados constitucionalistas
ouvidos ontem pela Folha consideraram coerente a decisão da 13ª
Vara da Fazenda Pública. "A
Constituição tem de prevalecer
sobre a legislação municipal", disse o advogado Adílson Dallari.
Segundo o advogado Walter
Ceneviva, a tese da Prefeitura de
São Paulo está incorreta.
"Isso não tem sentido. A Constituição estabelece que o secretário
só pode receber por meio de subsídio. Se receber verba de representação, por exemplo, é irregular", afirmou Ceneviva.
Texto Anterior: Prefeita vai explicar tarifa Próximo Texto: "Prefeita não sabe 'prefeitar'" Índice
|