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ACIDENTE
Aluno não estava usando colete salva-vidas no momento do acidente; instrutor foi indiciado por homicídio culposo
Estudante morre afogado em raia da USP
DO "AGORA"
O estudante Pedro Chamlian
Ferreira dos Santos, 20, do 3º ano
de administração da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) da USP,
morreu afogado na manhã de ontem quando treinava na raia olímpica da Cidade Universitária, no
Butantã (zona oeste).
Santos não usava o colete salva-vidas. Seu instrutor, Ricardo Linares Pereira, 51, o autorizou a entrar na água assim mesmo. Como
não houve flagrante, Pereira pagou fiança de R$ 600 e foi solto. O
treinador foi indiciado sob acusação de homicídio culposo (quando não há intenção de matar).
Santos chegou para o treinamento, ontem, às 7h, com um
barco modelo Canoya -considerado bastante seguro.
Outro estudante, Paulo Alexandre Bresson, 29, que pratica o esporte há quatro meses, também
entrou na raia para treinar.
Os dois eram os únicos que estavam na raia olímpica naquele horário. Aproximadamente dez funcionários, incluindo o professor,
estavam perto do local.
Bresson, que não costumava remar com Santos, afirmou que, depois de dar duas voltas completas
na raia, ouviu um grito.
"Não fiquei preocupado no começo, pois achei que era só um
"grito de proa" [aviso normal no
esporte"", disse Bresson.
No entanto, ao se aproximar,
viu o barco virado e Santos se debatendo. "Pulei na água, mas ele
já havia afundado", disse. Bresson
ainda tentou procurar Santos,
mas a água escura da raia atrapalhou. Os bombeiros só conseguiram localizar o corpo às 11h.
Colete salva-vidas
Outros alunos de remo, que preferiram não se identificar, disseram que, pelas normas, os novatos devem utilizar coletes salva-vidas e ser acompanhados por uma
lancha com instrutor. No entanto,
o uso do colete é raro: alguns remadores dizem que o movimento
fica prejudicado.
"A lancha também não estava lá
naquela hora", disse Bresson.
"Se o aluno diz que sabe nadar,
nós somos obrigados a acreditar",
afirmou o diretor do Centro de
Práticas Esportivas da USP (Cepeusp), Go Tane.
Cerca de 300 pessoas usam diariamente a raia, que tem sete metros de profundidade. "Temos
técnicas pedagógicas para os
principiantes", disse Tane.
Segundo o diretor do Cepeusp,
Santos já tinha passado pelo estágio de iniciante, mas estava remando sozinho havia aproximadamente um mês. Tane também
admitiu que não existem salva-vidas ou bombeiros na raia para
prestar socorro aos remadores.
A mãe do estudante, Sônia Sotenik Chamlian Ferreira dos Santos,
50, disse ter sido informada de
que o filho teria batido a cabeça
antes de se afogar. Segundo ela, o
rapaz sabia nadar.
Colaborou a Reportagem Local
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