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RESGATE
Explosão na casa de máquinas faz navio pesqueiro afundar e deixa tripulantes em uma balsa à deriva no mar
26 náufragos asiáticos chegam a Santos
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Depois de nove dias no mar em
um bote inflável, com os suprimentos de água e comida esgotados e cercados por tubarões, 26
pescadores asiáticos foram resgatados e chegaram na noite de anteontem ao porto de Santos (SP) a
bordo do navio cargueiro Nordscout (bandeira de Chipre).
Integrado por 22 chineses de
Taiwan, três filipinos e pelo comandante japonês, o grupo compunha a tripulação do navio pesqueiro Ying Jen 168, de Taiwan,
que se incendiou após explosão
na casa de máquinas. A explosão
causou a morte do operador taiwanês Soo Suikin.
Os outros embarcaram na balsa
inflável de salvamento e ficaram à
deriva no mar entre os últimos
dias 7 e 15, quando foram resgatados por volta das 22h30 pelo
Nordscout na direção do arquipélago de Fernando de Noronha.
Os asiáticos partiram do porto
de Las Palmas (Espanha) para
pescar em águas internacionais,
segundo o comandante Yoshio
Tokumasu, 53. Eles tinham duas
escalas planejadas antes do retorno -uma no Brasil e outra na
África do Sul. Não se sabe o local
exato do naufrágio. Oito dias depois, a corrente marítima pode ter
levado a balsa para muito longe.
O comandante do Nordscout, o
polonês Artur Wieliczko, 47,
mandou alterar o curso do navio
depois que o marinheiro de vigia
avistou um sinal luminoso à direita da proa. Como o radar não indicava a presença de outras embarcações nas proximidades e o
rádio não recebia resposta aos
chamados, ele concluiu que poderia se tratar de um naufrágio.
O cargueiro cipriota também
havia partido da Espanha. Saiu do
porto de Valencia para embarcar
54 mil toneladas de soja em Santos. Wieliczko afirmou que a balsa
inflável onde estavam os náufragos estava cercada por tubarões.
Muitos homens estavam nus na
embarcação, que já estava murchando devido ao desgaste provocado pelo tempo e por frequentes choques contra os tubarões.
O comandante Tokumasu, que
com o marinheiro filipino Romel
Castillo, 24, prestou depoimento
ontem à Polícia Federal em Santos, disse que quando o suprimento de barras de cereais e sacos
plásticos com água que havia na
balsa acabou eles passaram a coletar água da chuva e a pescar.
Segundo Tokumasu, nos dias
de agonia no mar, uma baleia orca e dois barcos passaram próximos a eles. As embarcações foram
embora, sem prestar socorro.
O japonês disse que em nenhum momento teve medo porque, segundo ele, um comandante não pode se desesperar.
O delegado Cássio Luís Guimarães Nogueira, chefe do Nepom
(Núcleo Especial de Polícia Marítima), da Polícia Federal, disse
que os 26 estrangeiros ficarão por
alguns dias em um hotel em Santos, até que as representações diplomáticas providenciem o retorno para seus respectivos países.
Hoje, Nogueira vai colher os depoimentos dos outros 24 náufragos, que, até a tarde de ontem,
permaneciam a bordo do Nordscout. Todos foram examinados
na manhã de ontem por médicos
da Saúde dos Portos, órgão federal, e estavam bem fisicamente.
"Vamos ter de inquirir a tripulação porque pode haver algum
tipo de responsabilidade. Depois,
iremos instaurar inquérito e remeter à Justiça Federal", disse.
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