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São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

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BARBARA GANCIA

Bush pode deitar e rolar

Vem cá: a turma lá no Festival de Cannes gostou ou não de "Carandiru"? As notícias que chegam são desencontradas. Em um lugar, eu li que o filme teve recepção morna e, aqui nesta Folha, que foi aplaudido de pé. Como se estava falando de uma única apresentação, a gente só pode concluir que o povo lá em Cannes é bipolar, esquizofrênico ou que tem dupla personalidade.
A crítica do festival, ninguém discorda, não gostou do filme. Mas, para ela, estou pouco me lixando. Não é a crítica, sempre ela, a primeira a se desmanchar em elogios à leviana esquerda norte-americana, representada por gente da laia de Oliver Stone e Michael Moore?
Nem por uma caixa de picolés de limão eu deixaria um dos dois levar meu cão e personal trainer, Pacheco Pafúncio, para dar uma volta no quarteirão. Veja só: depois que Fidel Castro mandou executar os três cubanos que tentavam fugir da ilha, Oliver Stone teve de mexer no documentário sobre "el comandante" que estava preparando para ser exibido em abril pelo canal HBO. Se tivesse alguma integridade artística, ele teria se recusado a aceitar a imposição dos produtores, que o obrigaram a amenizar o tom "pró-Fidel" do documentário e adiaram a data da estréia.
Quanto a Michael Moore, ele mostrou quem é na entrega do Oscar deste ano. A caminho do palco para receber a estatueta de melhor documentário, por "Tiros em Columbine", ele acenou para que a platéia ficasse de pé. Todo mundo pensou que estava levantando para protestar contra a fixação dos americanos pelas armas de fogo, tema do documentário premiado. Mas não. Quando chegou ao microfone, Moore nem sequer mencionou o seu documentário ou criticou o excesso de armas vendidas em seu país. Ele preferiu atacar Bush, despejando um panelão de chavões infantilóides sobre o público. Não é à toa que a direita linha-dura domina com facilidade a opinião pública nos EUA. Com uma oposição irresponsável como a exercida por Stone e Moore, Bush pode deitar e rolar.
 
Em Paulínia (SP), uma criança é festejada quando deveria ser motivo de preocupação de assistentes sociais. Depois da morte de Ayrton Senna, um fã resolveu homenageá-lo de forma bizarra. Decidiu que seu filho seria o novo Senna. Para tanto, batizou o rebento com o mesmo nome e sobrenome do campeão e o colocou para correr de kart. Aos cinco anos, o "novo Senna" já foi o quarto colocado em um campeonato e o segundo em outro.


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