UOL


São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MINAS GERAIS

Rebelião continuava ontem em penitenciária de segurança máxima de Contagem, onde detentos mantinham cinco reféns

Deputados descobrem rede de prostituição em presídio

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de Minas Gerais constatou que existia uma rede de prostituição na penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem (MG). De acordo com relatório da comissão, os internos presenciavam shows de striptease e tinham, entre pertences, microondas e aparelhos de som.
Até o fechamento desta edição, seguia a rebelião no pavilhão dois da penitenciária Nelson Hungria. Cerca de cem presos mantinham quatro agentes penitenciários e o vice-diretor de segurança como reféns. Eles pedem a revisão de penas e a volta de privilégios cortados pela nova direção do presídio, como banhos de sol mais longos e a pernoite de visitas no fim de semana.
No início da noite de ontem, um segundo foco de rebelião -no pavilhão 10- foi controlado. Policiais do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) e do batalhão de choque invadiram o local. Segundo o major Zoé Ferreira, quatro agentes e quatro presos ficaram feridos.
No pavilhão dois, segundo a polícia, as negociações seriam interrompidas antes do início da madrugada. A polícia tentava trocar dois reféns por um preso que teve fratura exposta ao cair do telhado do pavilhão. Havia um impasse, porque os presos queriam libertar apenas um refém.
As irregularidades na penitenciária estão sendo investigadas desde 23 de março, quando oito presos fugiram.
Três dias depois, uma busca da PM nos pavilhões da Nelson Hungria apreendeu, entre outros itens, uma piscina plástica, microondas, televisores, aparelhos de som, aparelho de DVD, freezers com refrigerantes e carne, churrasqueiras, bicicletas, um revólver, facas e barras de ferro.
Em depoimento, agentes penitenciários revelaram o envolvimento da diretoria do presídio com os traficantes Rogério Amaral dos Santos, o Rogerão, Roni Peixoto e Roberto Leal, os três ligados ao traficante Fernandinho Beira-Mar. De acordo com o relatório, o trio -ao lado de outros três presos- detém "controle total" sobre a instituição.
Em outro trecho, o documento detalha uma rede de prostituição na penitenciária.
Segundo o subsecretário de Administração Penitenciária de Minas Gerais, Agílio Monteiro, a situação na Nelson Hungria "não é segredo para ninguém".
Monteiro afirmou que a atual administração assumiu com o quadro de irregularidades já configurado. Não houve sucesso na tentativa de contatar o diretor-geral da penitenciária, coronel Alvenir José da Silva. As informações eram de que ele estava negociando com os amotinados e não poderia atender a reportagem.


Texto Anterior: Ministro critica órgão criado no governo de FHC
Próximo Texto: Aluna baleada: Estácio pediu vídeo "piorado", diz gerente
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.