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ALUNA BALEADA
Empresa nega alteração
Estácio pediu vídeo "piorado", diz gerente
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
O gerente da Tele-Segurança,
responsável pelo circuito interno
de TV da Universidade Estácio de
Sá, Carlos Duarte Ferreira, disse
que recebeu da entidade a orientação para "piorar" as imagens
gravadas pelas câmeras do campus do Rio Comprido.
As imagens mostram o momento em que a estudante Luciana Gonçalves Novaes, 19, foi baleada, no dia 5 deste mês.
Segundo o advogado Edson
Soeiro, Ferreira contou que recebeu a orientação momentos após
o crime. Ele deveria fazer uma cópia das imagens e entregá-la ao
administrador do campus, Marcelo Mariano, segundo o gerente.
O diretor da universidade, Marcelo Campos, disse ontem que a
Estácio não se manifestará sobre
as declarações de Soeiro. Há uma
semana, a universidade divulgou
nota informando que, até o final
do inquérito, não dará declarações sobre o caso.
Ferreira disse em depoimento
que foi questionado por uma pessoa da administração -o nome
não foi divulgado- sobre a possibilidade de a qualidade da imagem ser "piorada". Ele afirmou
que recusou a oferta.
O gerente afirmou que, a partir
da sua resposta negativa, a ordem
dada foi a de fazer a cópia exclusivamente da câmera 27, posicionada de frente para a cantina onde a
estudante foi baleada, o mais rápido possível, e entregá-la na guarita da Vig Ban (empresa que opera o sistema de segurança dentro
do campus).
Ferreira contou que, ao fazer a
cópia, estava acompanhado por
um auxiliar da Tele-Segurança e
um operador da Vig Ban.
Segundo o advogado, logo após
fazer a cópia, o gerente reviu as
imagens e não notou nada de diferente em relação à gravação original. Quando as reviu, dias depois na delegacia, Ferreira reconheceu a gravação, mas alertou
para a fraude nas imagens, que
classificou como "grosseira".
Para Ferreira, a adulteração, de
tão malfeita, pode ter sido realizada na universidade, sem equipamentos sofisticados.
Ele relatou que, nas imagens
originais, era possível ver dois homens armados -um dos quais
próximo à cantina. Uma das armas seria de cano curto. Ferreira
disse não saber se teria havido
troca de tiros porque percebeu fumaça só em uma arma.
O gerente também se disse incapaz de reconhecer as pessoas que
aparecem no vídeo.
Ontem, o perito Ricardo Molina, da Unicamp, chegou ao Rio
para auxiliar a polícia a recuperar
as imagens do circuito interno.
Ele se reuniu com promotores e
policiais. À tarde, foi ao campus
ver o local onde a estudante foi
baleada.
Segundo Molina, a parte mais
complicada será descobrir se as
imagens podem ser recuperadas.
Se isso for possível, o trabalho será "rápido, de 20 a 25 dias, no máximo". O material será analisado
em Campinas.
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