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São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

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ALUNA BALEADA

Empresa nega alteração

Estácio pediu vídeo "piorado", diz gerente

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

O gerente da Tele-Segurança, responsável pelo circuito interno de TV da Universidade Estácio de Sá, Carlos Duarte Ferreira, disse que recebeu da entidade a orientação para "piorar" as imagens gravadas pelas câmeras do campus do Rio Comprido.
As imagens mostram o momento em que a estudante Luciana Gonçalves Novaes, 19, foi baleada, no dia 5 deste mês.
Segundo o advogado Edson Soeiro, Ferreira contou que recebeu a orientação momentos após o crime. Ele deveria fazer uma cópia das imagens e entregá-la ao administrador do campus, Marcelo Mariano, segundo o gerente.
O diretor da universidade, Marcelo Campos, disse ontem que a Estácio não se manifestará sobre as declarações de Soeiro. Há uma semana, a universidade divulgou nota informando que, até o final do inquérito, não dará declarações sobre o caso.
Ferreira disse em depoimento que foi questionado por uma pessoa da administração -o nome não foi divulgado- sobre a possibilidade de a qualidade da imagem ser "piorada". Ele afirmou que recusou a oferta.
O gerente afirmou que, a partir da sua resposta negativa, a ordem dada foi a de fazer a cópia exclusivamente da câmera 27, posicionada de frente para a cantina onde a estudante foi baleada, o mais rápido possível, e entregá-la na guarita da Vig Ban (empresa que opera o sistema de segurança dentro do campus).
Ferreira contou que, ao fazer a cópia, estava acompanhado por um auxiliar da Tele-Segurança e um operador da Vig Ban.
Segundo o advogado, logo após fazer a cópia, o gerente reviu as imagens e não notou nada de diferente em relação à gravação original. Quando as reviu, dias depois na delegacia, Ferreira reconheceu a gravação, mas alertou para a fraude nas imagens, que classificou como "grosseira".
Para Ferreira, a adulteração, de tão malfeita, pode ter sido realizada na universidade, sem equipamentos sofisticados.
Ele relatou que, nas imagens originais, era possível ver dois homens armados -um dos quais próximo à cantina. Uma das armas seria de cano curto. Ferreira disse não saber se teria havido troca de tiros porque percebeu fumaça só em uma arma.
O gerente também se disse incapaz de reconhecer as pessoas que aparecem no vídeo.
Ontem, o perito Ricardo Molina, da Unicamp, chegou ao Rio para auxiliar a polícia a recuperar as imagens do circuito interno.
Ele se reuniu com promotores e policiais. À tarde, foi ao campus ver o local onde a estudante foi baleada.
Segundo Molina, a parte mais complicada será descobrir se as imagens podem ser recuperadas. Se isso for possível, o trabalho será "rápido, de 20 a 25 dias, no máximo". O material será analisado em Campinas.


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