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VIOLÊNCIA
Empresário assassinado com sete tiros pode ter sido vítima de extorsão
Policial admite participação em crime
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário Jihad Ahmad
Kassem, 33, assassinado com sete
tiros no último dia 12 na zona sul
de São Paulo, pode ter sido vítima
de uma tentativa de extorsão cometida por um policial civil do
DHPP (departamento de homicídios) e por um "ganso" -gíria
para informante.
Ontem, a Corregedoria da Polícia Civil e o DHPP informaram
que o agente -motorista-
Wendel Souza da Silva, 28, da
equipe A-Sul, confessou ter participado do crime ao ser ouvido pela segunda vez. No primeiro depoimento, ele negou as acusações.
Silva foi reconhecido por testemunhas como sendo um dos dois
homens que prenderam Kassem,
por volta das 13h do dia 12, em um
café na Vila Mariana (zona sul da
capital). O empresário, que é libanês naturalizado brasileiro, saiu
algemado pelos desconhecidos
que diziam ser policiais e desapareceu. O agente acabou preso
quatro dias depois da ação.
Segundo o diretor do DHPP,
Domingos Paulo Neto, Silva disse
em depoimento que fez a prisão
-não-comunicada a seus superiores- com a ajuda do informante. Para isso, ambos usaram
uma Blazer do DHPP, apesar de o
agente estar de folga nesse dia.
O assassinato ocorreu em uma
estrada de terra na região de Parelheiros (zona sul). Conforme depoimento do agente, Kassem reagiu e acabou baleado pelo informante com a arma que teria sido
apreendida com ele. "Pelas circunstâncias, não descarto que
quisessem extorquir dinheiro da
vítima", disse Neto.
O policial teria chegado ao empresário a partir das dicas do informante, foragido desde ontem,
que o descrevia como envolvido
com tráfico. O informante tem
antecedentes criminais por lesão
corporal e assalto.
No café, segundo o informante,
Kassem entregaria cinco quilos de
cocaína. O problema é que, ao ser
preso, o empresário teria escondido a chave do seu carro, onde estaria a droga. Por isso, os três teriam seguido até um matagal em
Parelheiros para "convencê-lo" a
entregar os pacotes de cocaína.
A Corregedoria, porém, não encontrou vestígios de droga no Astra do empresário.
As três armas do agente -duas
pistolas e um revólver- foram
enviadas para perícia com o objetivo de descobrir se não saíram
delas os sete tiros que mataram
Kassem.
Anteontem, a Corregedoria
conseguiu a prorrogação da prisão temporária de Silva, que estava havia um ano na Polícia Civil.
A polícia não informou ontem o
nome do advogado do policial.
Não é a primeira vez que um policial do DHPP se envolve em um
crime em horário de folga e com
carro do departamento. Em março, um investigador foi acusado
de causar um acidente em que
duas pessoas morreram. Ele fugiu
sem prestar socorro.
(ALESSANDRO SILVA)
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