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POLÍCIA
Secretário interino nega que o número de mortes tenha sido proposital e diz que dados não foram ocultados
PM matou mais civis do que divulgou
CRISPIM ALVES
da Reportagem Local
O número de civis mortos pela
Polícia Militar de São Paulo ao
longo dos anos é muito maior que
o que foi divulgado. Quem admite
isso é o secretário interino da Segurança Pública, Luiz Antonio Alves de Souza. No entanto, ele nega,
veementemente, que isso tenha sido proposital.
"Você pode chamar isso de desatenção, relaxo, incompetência,
mas não de ocultação de dados",
declarou Alves de Souza.
Até o mês passado, a secretaria
divulgava dados relativos ao Proar
(Programa de Acompanhamento
de Policiais Envolvidos em Ocorrências de Alto Risco). Esse programa abrangia a PM de todo o Estado. No entanto, os dados que a
secretaria divulgava eram relativos apenas à Grande São Paulo. E,
mesmo assim, sempre apresentavam divergências.
O próprio comando da PM chegou a afirmar, quando a Folha revelou uma dessas divergências,
que aqueles números não eram
oficiais. No entanto, em nenhum
momento apresentou os dados
corretos, relativos ao Estado todo.
"Por que nunca foi divulgado?
Porque nunca foi pedido", afirmou o coronel Carlos Alberto de
Camargo, comandante-geral da
PM. "Porque era pedido aquele
número (do Proar). Chegamos até
a dizer que aquele não era oficial.
Essas coisas foram pedidas de forma errada e fornecidas, com certeza, de forma errada em função disso, não com caráter de tentar esconder alguma coisa", afirmou o
coronel José Carlos Bononi, subcomandante-geral.
Alves de Souza não soube explicar a razão de isso não ter sido detectado antes. "Acho que o pessoal não se deu conta que os dados
do passado retratavam apenas
uma realidade parcial."
Por esse motivo, o secretário interino determinou, no dia 7 de
maio, que a Polícia Militar, e também a Polícia Civil, publicassem
no "Diário Oficial do Estado" todos os dados relativos à violência
policial no Estado.
O primeiro relatório foi publicado ontem. Ele mostra, por exemplo, que 144 civis foram mortos
pela PM nos primeiros quatro meses do ano, ou seja 44,7% dos 322
casos registrados em 97.
Ele mostra também que, de outubro do ano passado a abril deste
ano -correspondente a todo o
período da gestão Camargo-, a
violência policial aumentou 26,8%
em relação a igual período (outubro 96 a abril de 97) na gestão do
coronel Claudionor Lisboa.
"E prendeu 38% a mais", rebateu Camargo, lembrando também
que, com uma presença maior de
policiais nas ruas, as chances de
confronto também aumentaram.
Além disso, o coronel ressaltou
também que o número de roubos
aumentou em função do crescimento do desemprego.
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