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FOGO
Desabrigados por incêndio querem reconstruir favela Água Espraiada no mesmo local
Favelados se recusam a ir para abrigo
ANDRÉ MUGGIATI
da Reportagem Local
Os moradores da favela Água Espraiada (zona sudoeste de SP),
praticamente destruída por um
incêndio anteontem, se recusam a
ir para um abrigo provisório, concedido pela prefeitura. Eles dizem
que pretendem reconstruir a favela no mesmo local.
De acordo com um cadastramento feito pela secretaria municipal do Bem-Estar Social, 61 famílias (244 pessoas) ficaram desabrigadas.
O delegado titular do 27º DP,
Antonio Carlos Palhares, abriu
ontem inquérito para investigar as
causas do incêndio. Ainda ontem,
Palhares tomou o depoimento de
alguns moradores, que afirmaram
que o fogo surgiu a partir de um
curto-circuito, em um poste.
Além dos depoimentos, o delegado solicitou também a realização de perícia para descobrir a origem do fogo.
Na tarde de ontem, a maioria
dos desabrigados ainda continuava ao lado da favela queimada, onde haviam passado a noite.
"Daqui eu não vou sair. Não tenho para onde ir", disse Nalva de
Oliveira, 42, que morava no local
há nove anos.
Na hora do fogo, a maioria só teve tempo de deixar suas casas com
as roupas do corpo. Durante a noite, receberam alimentos de instituições de caridade, como a Legião
da Boa Vontade.
Às 11h de ontem, os bombeiros
desinterditaram a favela e os moradores puderam entrar para avaliar os prejuízos. Praticamente tudo foi queimado.
Mesmo a parte da favela que não
foi queimada (cerca de um terço)
está condenada, segundo os bombeiros, pois os barracos feitos de
tijolos correm o risco de desabar.
À tarde, os moradores começaram a retirar o entulho do terreno,
onde pretendem começar a reconstruir suas casas.
A prefeitura informou que não
possui vagas em projetos habitacionais para os moradores. Segundo a Secretaria do Bem-Estar Social, eles receberiam apenas cestas
básicas, colchões, cobertores e seriam colocados em um abrigo
provisório, se desejassem.
Até as 19h de ontem, nenhum
morador havia aceitado a proposta. "O que todo mundo quer é
continuar morando aqui. Se sairmos, vamos perder o terreno",
disse José Apolinário de Silva, 48.
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