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Chefe culpa crise social e pede ajuda de Deus
da Reportagem Local
Ao responder se achava difícil
impedir que o ano de 1998 seja
mais violento que o de 1997, o coronel Carlos Alberto de Camargo,
comandante-geral da PM, disse o
seguinte: "Deus queira que não.
Deus queira que a crise social se
resolva, que as coisas não acabem
sendo encaradas apenas como caso de polícia".
"Tenho medo. Se a hipocrisia fizer com que as coisas sejam encaradas apenas como caso de polícia, aí a melhor polícia do mundo
não terá fôlego para resolver."
Camargo também fez um desafio: "Tente colocar polícias de outros países aqui com as mesmas
perversas regras do jogo e veja se
elas conseguem fazer a metade do
que a gente faz". As declarações
foram feitas na favela de Heliópolis, zona sudeste de São Paulo, durante operação da PM.
O coronel voltou a criticar a
atual política econômica e a falta
de intervenção social nas regiões
mais carentes. "O desemprego
cria um clima de angústia. Na sociedade, serve de base para prosperar focos que banalizam a violência. Essa crise social é que precisa ser revertida. Ela resulta em
violência urbana."
Anteontem, balanço divulgado
pela Secretaria da Segurança Pública mostrou que o mês de abril
apresentou o segundo maior número de homicídios dolosos (intencionais) de toda a história da
Grande São Paulo (762 casos). O
recorde pertence ao mês anterior
(771). Esses dados levam a crer que
este ano, mantida a tendência, deverá ser um dos mais violentos da
história. O próprio secretário interino da Segurança, Luiz Antonio
Alves de Souza, admitiu que será
muito difícil diluir esse crescimento da violência ao longo do ano.
Operação
Durante a operação, Camargo
percorreu vários becos escuros e
apertados da favela. "Neste lugar,
um tenente foi encurralado enquanto recebia tiros de AR-15."
"Isto aqui é um curso de causas
da violência urbana, de degradação da sociedade." Heliópolis é a
maior favela de São Paulo. Lá, moram mais de 80 mil pessoas.
"Melhorou muito. Se eles viessem sempre, seria melhor ainda",
declarou o balconista José Nunes,
que mora em Heliópolis há quatro
anos.
(CA)
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