São Paulo, sábado, 23 de maio de 1998

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CRIME
Ela foi espancada e atropelada pelo agressor; perícia acha sangue no carro do estudante de direito, que está preso
Universitário é acusado de matar prostituta

MARCELO GODOY
da Reportagem Local

Os quatro números da placa de um Uno, duas testemunhas e manchas de sangue levaram a polícia a identificar e prender o estudante de direito e policial civil Roberto Custódio Junior, 21, sob a acusação de ele ter assassinado uma prostituta em São Paulo.
O crime aconteceu em 19 de março, na rua José Cardoso Coutinho, em Socorro (zona sul de São Paulo). A prostituta, conhecida pelas amigas como Sheila, não foi identificada até hoje pela polícia.
A polícia apurou que ela foi espancada e atirada fora do carro pelo agressor, que deu marcha à ré e passou o pneu em sua cabeça. Sheila teve o crânio esfacelado.
Em seu primeiro depoimento, Custódio Junior negou o crime, mas, depois, voltou atrás e disse que matou porque a prostituta revelara que havia lhe transmitido o vírus HIV (causador da Aids).
O caso, que vinha sendo mantido em sigilo pela Divisão de Homicídios, está sendo analisado pela 3ª Vara do Júri. Segundo o relatório do inquérito policial, a prostituta C.G.R. viu Sheila entrar no Uno do estudante no dia do crime.
Ambas faziam ponto na avenida Robert Kennedy, no Socorro (zona sul). C.G.R. anotou os quatro números da placa do Uno (8877) e os passou aos policiais. Além dela, eles obtiveram uma testemunha que presenciou o assassinato.
E.A.V. estava em casa quando disse ter ouvidos gritos de mulher. Ele saiu no quintal de casa e viu o motorista do Uno batendo a cabeça de Sheila contra algo no carro. Depois, afirmou que ele atirou-a no chão e que passou com o carro sobre a cabeça dela, gritando: "Eu te matei, filha da puta".
Por meio dos números da placa, a Divisão de Homicídios fez uma pesquisa nos arquivos do Departamento Estadual de Trânsito e achou quatro Unos com placas 8877 -só os donos de dois deles moravam na cidade de São Paulo.
Por coincidência, a casa de um dos proprietários, a mãe do estudante, era a três quarteirões do local do crime. Os policiais ficaram vigiando a casa até que o estudante apareceu com o carro.
Os peritos policiais encontraram sangue humano na roda traseira, no pára-lama traseiro, no carpete do Uno e no banco do motorista.
Em seu primeiro depoimento, o estudante negou o crime, dizendo que o carro havia sido furtado, mas sua mãe o desmentiu, afirmando que o furto do carro ocorrera 15 dias antes do assassinato.
O carro foi apreendido, e a prostituta C.G.R. reconheceu o estudante, que cursa o primeiro ano de direito na Unip (Universidade Paulista), como o homem com quem Sheila havia saído.
Com base nessas provas, a 3ª Vara do Júri decretou a prisão preventiva do acusado, que está no Presídio Especial da Polícia Civil



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