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São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2003

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DIVERSIDADE

Estimativa oficial de público coloca o evento como o terceiro maior do mundo; até prefeitura teve trio elétrico

Parada Gay dobra e leva 800 mil à Paulista

Juca Varella/Folha Imagem
Participantes da 7ª edição da Parada do Orgulho GLBT dançam sob a bandeira com as cores do movimento


DA REPORTAGEM LOCAL

A 7ª edição da Parada do Orgulho GLBT reuniu cerca de 800 mil pessoas ontem em São Paulo, dobrando seu público em relação a 2002 e se firmando como a terceira maior do mundo -atrás apenas das de San Francisco, nos EUA, que já reuniu 1 milhão, e de Toronto, no Canadá (850 mil). A estimativa é da Polícia Militar e da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Para a organização, havia 1,3 milhão.
O evento deste ano contou, pela primeira vez, com um trio elétrico da prefeitura entre os 21 carros que saíram da av. Paulista, a partir das 14h30, em direção à praça da República, na região central.
As duas pistas da avenida foram ocupadas por crianças, jovens e idosos, que acompanharam a passagem dos carros ao som de hits gays, música eletrônica e sucessos de Kelly Key.
O trajeto de 3,4 km foi totalmente ocupado: quando os primeiros manifestantes chegavam à República, ainda havia gente na Paulista. A parada, que começou com chuva de papel picado e balões coloridos, terminou à noite com um show da cantora Elza Soares. Não houve incidentes graves, de acordo com a PM.
O presidente nacional do PT, José Genoino, e a prefeita Marta Suplicy foram os principais destaques políticos. Mas só Genoino discursou.
O tema do evento deste ano, "Construindo Políticas Homossexuais", chegou a ser criticado por antigos organizadores da Associação da Parada do Orgulho GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros). A atual organização já anunciou que, em 2004, haverá um tema direcionado aos idosos e adolescentes.

Gays, famílias e idosos
Em meio aos simpatizantes da causa gay, havia gente de todas as idades. Érica Soares, 32, levou os cinco filhos e uma vizinha, com idades de 1 a 13 anos. Mesmo com a barulheira, o bebê dormia. Olivia Ribeiro, 74, de terninho bege e colar de pérolas, foi com o amigo Arnaldo de Souza, 79. "É a festa mais bonita que temos aqui. Podia ter todo domingo", disse ela.
O escritor Ricardo Costa Aguieiras, 58, carregava um cartaz com a inscrição "Gays sessentões também são sensuais" e festejava a escolha do tema de 2004.
Além das drag queens, muitos gays estavam fantasiados. Havia desde os vilões gêmeos de "Matrix Reloaded" até a pintora Frida Kahlo, passando pelos clássicos modelos de marinheiro, princesa e Carmem Miranda. Rogério, 30, vestiu-se de freira e ficou coberto da cabeça aos pés para não ser reconhecido por familiares.
Muitos casais se beijavam, ou simplesmente ficavam de mãos dadas, como Michele, 38, e sua parceira, que pediu para ser identificada como Antonio, 36.
Junto às faixas que pediam mais direitos e liberdade para os homossexuais, havia também algumas bem-humoradas, como a que dizia: "O senhor é meu pastor e ele sabe que eu sou gay", assinada pela Igreja Cristã Acalanto. (ALENCAR IZIDORO, PEDRO DIAS LEITE E AMARÍLIS LAGE)


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