DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita Marta Suplicy disse ontem à Folha, na 7ª edição da Parada do Orgulho GLBT, que seu projeto sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo, apresentado em Brasília há mais de sete anos, quando ela era deputada federal, já está "ultrapassado".
"O Judiciário já está mais adiantado. Temos jurisprudência em quase tudo. O projeto já está até ultrapassado. O mundo já andou", disse a prefeita em relação à proposta que já foi uma de suas bandeiras e que a tornou uma porta-voz do público gay.
A declaração de Marta se contrapôs à do presidente nacional do PT, José Genoino. "Com essa manifestação, já está na hora de votar esse projeto. Não depende só do governo, mas vamos defendê-lo", disse ele, que destacou a defesa da proposta em discurso.
Marta permaneceu duas horas e meia sobre um trio elétrico montado pela administração municipal. Acompanhada do marido, Luis Favre, não parou de dançar.
A prefeita, que participou de todas as paradas gay da cidade, manteve-se desta vez distante da organização do evento. Não fez discursos nem foi ao principal carro de som. Ao lado dela estava Beto de Jesus, ex-presidente da entidade que organiza a parada e crítico do tema deste ano: "Construindo Políticas Homossexuais". "Esse tema é ultrapassado. Temos que trabalhar com uma pauta comum entre todos os segmentos que são minorias políticas", disse.
O presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT, Nelson Matias Pereira, lamentou a ausência de Marta no trio elétrico da organização. "Espero que não tenha sido um melindre dela por nossas cobranças", afirmou Pereira.
Segundo ele, no último ano a associação passou a cobrar da prefeitura ações mais concretas em políticas públicas voltadas à homossexualidade, como um centro de referência com apoio jurídico, médico e psicológico para homossexuais. "Não é porque a apoiamos que vamos deixar de criticá-la quando necessário."
No evento de ontem, a Coordenadoria Especial da Juventude da prefeitura lançou um projeto (Mix Jovem) que será feito a partir de agosto em 13 escolas públicas. A idéia é debater com os alunos filmes sobre a diversidade sexual.
Outra "Marta" presente na parada era o travesti Márcia Taylor. Fantasiado com um terno vermelho, peruca loira e coroa, Taylor se autodenominava "a rainha das taxas". "No ano que vem, cobrarei uma taxa para desfilar." (AI E AL)


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