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São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

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Terreno já abriga mais de 3.000 famílias em São Bernardo, segundo organizadores da invasão, que prometem resistir

Juíza dá reintegração de posse à Volkswagen

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Volkswagen ganhou ontem a reintegração da posse do terreno invadido na madrugada de sábado por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo).
A ocupação, que começou com 300 famílias, já concentrava mais de 3.000 na noite de ontem, conforme membros do movimento. Os ocupantes irão resistir no local, caso não haja tempo para entrar com um recurso jurídico antes do despejo.
Segundo Patrícia Vieira, coordenadora do MTST, o acampamento espera receber, na manhã de hoje, a visita de representantes políticos e de entidades ligadas aos direitos humanos que apóiam a ocupação. "Eles devem chegar por volta das 6h, que é geralmente a hora em que o [Batalhão de] Choque chega", disse.
Porém, até a conclusão desta edição, o Copom (Centro de Operações Policiais Militares) do ABC ainda não havia recebido a decisão da juíza Maria de Fátima dos Santos Gomes, da 4ª Vara Cível de São Bernardo do Campo.
A Volkswagen informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que os advogados da empresa estavam analisando o caso, mas não confirmou que tenha pedido a reintegração da posse nem que soubesse da decisão judicial.

Público x Privado
O MTST ocupou o terreno com a alegação de que se tratava de uma área pública que havia sido concedida à Volkswagen e que, por isso, não poderia ser vendida.
O objetivo, segundo Camila Alves, uma das coordenadoras do MTST, é criar no local um projeto de assentamento urbano. Segundo ela, caso não haja acordo em relação ao terreno da Volkswagen, outra área poderia ser negociada com a prefeitura.
A empresa confirma que colocou a área à venda, mas defende que o terreno é propriedade privada e que foi comprado da Chrysler -outra empresa do setor automobilístico- em 1981.
A Volkswagen não divulgou quem são os prováveis compradores nem o preço do terreno. A pedido da Folha, uma imobiliária local avaliou a área (que mede cerca de 170 mil m2, de acordo com o MTST) em R$ 17 milhões.
A prefeitura informou que o terreno não é público e, portanto, não participará de negociações. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, a política habitacional do município é voltada principalmente para a urbanização de favelas e não inclui a construção de conjuntos habitacionais.


Colaborou a Folha Online


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