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Terreno já abriga mais de 3.000 famílias em São Bernardo, segundo organizadores da invasão, que prometem resistir
Juíza dá reintegração de posse à Volkswagen
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Volkswagen ganhou ontem a
reintegração da posse do terreno
invadido na madrugada de sábado por integrantes do Movimento
dos Trabalhadores Sem-Teto
(MTST), em São Bernardo do
Campo (Grande São Paulo).
A ocupação, que começou com
300 famílias, já concentrava mais
de 3.000 na noite de ontem, conforme membros do movimento.
Os ocupantes irão resistir no local, caso não haja tempo para entrar com um recurso jurídico antes do despejo.
Segundo Patrícia Vieira, coordenadora do MTST, o acampamento espera receber, na manhã
de hoje, a visita de representantes
políticos e de entidades ligadas
aos direitos humanos que apóiam
a ocupação. "Eles devem chegar
por volta das 6h, que é geralmente
a hora em que o [Batalhão de]
Choque chega", disse.
Porém, até a conclusão desta
edição, o Copom (Centro de Operações Policiais Militares) do ABC
ainda não havia recebido a decisão da juíza Maria de Fátima dos
Santos Gomes, da 4ª Vara Cível de
São Bernardo do Campo.
A Volkswagen informou, por
meio de sua assessoria de imprensa, que os advogados da empresa
estavam analisando o caso, mas
não confirmou que tenha pedido
a reintegração da posse nem que
soubesse da decisão judicial.
Público x Privado
O MTST ocupou o terreno com
a alegação de que se tratava de
uma área pública que havia sido
concedida à Volkswagen e que,
por isso, não poderia ser vendida.
O objetivo, segundo Camila Alves, uma das coordenadoras do
MTST, é criar no local um projeto
de assentamento urbano. Segundo ela, caso não haja acordo em
relação ao terreno da Volkswagen, outra área poderia ser negociada com a prefeitura.
A empresa confirma que colocou a área à venda, mas defende
que o terreno é propriedade privada e que foi comprado da
Chrysler -outra empresa do setor automobilístico- em 1981.
A Volkswagen não divulgou
quem são os prováveis compradores nem o preço do terreno. A
pedido da Folha, uma imobiliária
local avaliou a área (que mede
cerca de 170 mil m2, de acordo
com o MTST) em R$ 17 milhões.
A prefeitura informou que o terreno não é público e, portanto,
não participará de negociações.
Segundo a assessoria de imprensa
da prefeitura, a política habitacional do município é voltada principalmente para a urbanização de
favelas e não inclui a construção
de conjuntos habitacionais.
Colaborou a Folha Online
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