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Seminário discute regularização
LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Não basta urbanizar as favelas,
transformando-as em bairros ou
quase isso. É necessário que as populações que vivem nesses conglomerados urbanos -pouco
menos de 20% da população do
planeta, segundo a ONU- tenham a posse legal de suas moradias e sejam instrumentalizadas
para gerenciar as melhorias que
receberam. Caso contrário, o ciclo
vicioso do crescimento desordenado, da baixa qualidade de vida e
preponderância dos poderes paralelos nunca será quebrado.
Esses foram os principais pontos consensuais do seminário realizado ontem em São Paulo, "Melhores Experiências em Urbanização de Favelas", no âmbito do
congresso internacional de cidades, Urbis 2003.
"Nós já aprendemos a melhorar
as favelas", disse Yves Cabannes,
da Habitat-ONU, agência das Nações Unidas para a habitação.
"Não sabemos ainda como fazer
para manter as melhorias e para
que, após a urbanização, seu crescimento seja controlado."
Como alternativa para que esse
controle ocorra, Cabannes propôs uma espécie de "regimento de
condomínio" a ser implantado de
acordo com as especificidades de
cada local, em parceria moradores-poder público. "Os moradores devem ser responsáveis pelo
seus bairros, mas com o apoio do
poder público, para evitar deterioração provocada por iniciativas individuais, controle do crime
organizado etc."
Um passo anterior a esse processo, no entanto, seria a legitimação da posse dos terrenos, garantida por políticas públicas efetivas. Segundo Mark Hildebrand,
representante da organização internacional Cities Alliance, o crescimento das favelas -que segundo ele abrigavam 35 milhões de
habitantes há 50 anos e hoje suportam 935 milhões- se deve
muito mais ao "fracasso das políticas públicas do que à miséria".
A secretária-executiva do Ministério das Cidades, Ermínia Maricato, fez um histórico do processo de exclusão habitacional no
país, alertando para o fato de a população das favelas crescer mais
do que a população urbana em
geral. "Temos uma máquina de
produzir favelas. Precisamos de
normatizações para que a favela,
transformada em bairro, não se
deteriore e se mantenha dentro
do controle público."
Inauguração
Após o seminário, à noite, a prefeita Marta Suplicy (PT) fez a
inauguração oficial da Urbis 2003.
Em seu discurso, defendeu as taxas e mudanças em impostos em
São Paulo. "Não conheço idéia
mais justa que "quem tem mais
paga mais'", disse. Depois da fala,
a petista visitou estandes.
O pavilhão de São Paulo é o
maior na Urbis 2003, com 700 m2,
de uma área total de cerca de 22
mil m2. O local está dividido em
cinco eixos que devem ser as principais bandeiras eleitorais da prefeitura no ano que vem, como a
área educacional (com os escolões
e uniformes novos) e a do novo
sistema de transportes.
Colaborou a Reportagem Local
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