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São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2003

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SEGURANÇA

Alexandre Colaço, que pousou helicóptero em prisão, disse que provavelmente partiram de guardas os tiros que o atingiram

Piloto diz ter sido espancado por agentes

DA REPORTAGEM LOCAL

O piloto de helicóptero Alexandre Frederico de Almeida Colaço, 29, sequestrado durante uma tentativa de resgate de presos em Guarulhos (Grande SP), afirmou ontem ter quase certeza de que foi atingido por tiros disparados pelos guardas de muralha, e não pelos sequestradores, e que também foi algemado e agredido por agentes com socos e chutes até ser identificado como vítima.
"[Foi ] o pessoal da muralha. Bandido mesmo eu não vi atirar em mim, não senti nenhum tiro pelas costas", disse ontem o piloto ao programa "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes.
A afirmação de Colaço contraria a versão da polícia de que o piloto teria sido ferido pelos próprios sequestradores quando o helicóptero não conseguiu levantar vôo do telhado do presídio, no dia 6 de julho.
Segundo o Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), o próprio piloto teria dito a um agente que o socorreu que fora atingido por um dos sequestradores.

Indiciamento
A polícia chegou a indiciar por tentativa de homicídio os dois sequestradores do helicóptero e os dois detentos do presídio Adriano Marrey, em Guarulhos, que seriam resgatados.
O exame de confronto balístico, que poderia esclarecer essa dúvida, não foi concluído pelo IC (Instituto de Criminalística).
A incerteza sobre quem realmente atingiu o piloto fez o promotor de Justiça de Guarulhos Neudival Mascarenhas Filho não apresentar denúncia, mas pedir a prisão temporária de todos os envolvidos por 30 dias, o que já foi concedido pela Justiça.
Mascarenhas Filho fez isso para ganhar tempo pois pretende esperar os laudos e o depoimento do piloto à polícia para denunciar ou não os envolvidos por tentativa de homicídio.
Ferido na cabeça, no tórax e na mão, o piloto continua internado no Hospital das Clínicas. Na entrevista à TV Bandeirantes, Colaço não quis mostrar o rosto. Em recuperação, o piloto sofre de paralisia parcial da perna e do braço esquerdo.

Agressão
Colaço afirmou que os agentes do presídio demoraram para acreditar que ele tivesse sido sequestrado pelo grupo. O piloto disse que, apesar dos seus gritos e de estar ferido com três tiros, foi algemado e agredido com vários socos e pontapés pelos agentes.
"Foi difícil comprovar que eu não era bandido", disse Colaço. As agressões teriam ocorrido logo depois que o piloto conseguiu abrir a porta do helicóptero, já pousado no telhado do presídio, e se jogar na laje.
Segundo o piloto, os funcionários do presídio só se convenceram de sua inocência com a sua documentação, que estava na porta do helicóptero.
Colaço também disse que seria "no mínimo ilógico" os sequestradores terem atirado nele, já que dependiam dele. "Eu era a única maneira deles saírem dali com a missão cumprida, que era resgatar os presos. Eles não atiraram em mim", disse.
O piloto também criticou o fato de ter sido, segundo ele, o principal alvo dos atiradores. "Seria fácil os guardas inutilizarem o helicóptero sem me atingir. Ou terem atingido os bandidos e não a mim", disse.
Os dois sequestradores e os dois presos foram atingidos no tiroteio, mas o piloto ficou ferido mais gravemente.


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