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SEGURANÇA
Alexandre Colaço, que pousou helicóptero em prisão, disse que provavelmente partiram de guardas os tiros que o atingiram
Piloto diz ter sido espancado por agentes
DA REPORTAGEM LOCAL
O piloto de helicóptero Alexandre Frederico de Almeida Colaço,
29, sequestrado durante uma tentativa de resgate de presos em
Guarulhos (Grande SP), afirmou
ontem ter quase certeza de que foi
atingido por tiros disparados pelos guardas de muralha, e não pelos sequestradores, e que também
foi algemado e agredido por agentes com socos e chutes até ser
identificado como vítima.
"[Foi ] o pessoal da muralha.
Bandido mesmo eu não vi atirar
em mim, não senti nenhum tiro
pelas costas", disse ontem o piloto
ao programa "Brasil Urgente", da
TV Bandeirantes.
A afirmação de Colaço contraria a versão da polícia de que o piloto teria sido ferido pelos próprios sequestradores quando o
helicóptero não conseguiu levantar vôo do telhado do presídio, no
dia 6 de julho.
Segundo o Deic (Departamento
de Investigações sobre o Crime
Organizado), o próprio piloto teria dito a um agente que o socorreu que fora atingido por um dos
sequestradores.
Indiciamento
A polícia chegou a indiciar por
tentativa de homicídio os dois sequestradores do helicóptero e os
dois detentos do presídio Adriano
Marrey, em Guarulhos, que seriam resgatados.
O exame de confronto balístico,
que poderia esclarecer essa dúvida, não foi concluído pelo IC (Instituto de Criminalística).
A incerteza sobre quem realmente atingiu o piloto fez o promotor de Justiça de Guarulhos
Neudival Mascarenhas Filho não
apresentar denúncia, mas pedir a
prisão temporária de todos os envolvidos por 30 dias, o que já foi
concedido pela Justiça.
Mascarenhas Filho fez isso para
ganhar tempo pois pretende esperar os laudos e o depoimento do
piloto à polícia para denunciar ou
não os envolvidos por tentativa de
homicídio.
Ferido na cabeça, no tórax e na
mão, o piloto continua internado
no Hospital das Clínicas. Na entrevista à TV Bandeirantes, Colaço não quis mostrar o rosto. Em
recuperação, o piloto sofre de paralisia parcial da perna e do braço
esquerdo.
Agressão
Colaço afirmou que os agentes
do presídio demoraram para
acreditar que ele tivesse sido sequestrado pelo grupo. O piloto
disse que, apesar dos seus gritos e
de estar ferido com três tiros, foi
algemado e agredido com vários
socos e pontapés pelos agentes.
"Foi difícil comprovar que eu
não era bandido", disse Colaço.
As agressões teriam ocorrido logo
depois que o piloto conseguiu
abrir a porta do helicóptero, já
pousado no telhado do presídio, e
se jogar na laje.
Segundo o piloto, os funcionários do presídio só se convenceram de sua inocência com a sua
documentação, que estava na
porta do helicóptero.
Colaço também disse que seria
"no mínimo ilógico" os sequestradores terem atirado nele, já que
dependiam dele. "Eu era a única
maneira deles saírem dali com a
missão cumprida, que era resgatar os presos. Eles não atiraram
em mim", disse.
O piloto também criticou o fato
de ter sido, segundo ele, o principal alvo dos atiradores. "Seria fácil
os guardas inutilizarem o helicóptero sem me atingir. Ou terem
atingido os bandidos e não a
mim", disse.
Os dois sequestradores e os dois
presos foram atingidos no tiroteio, mas o piloto ficou ferido
mais gravemente.
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