|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Resposta ao caso não pode ser gestos obscenos", afirma padre
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O secretário de comunicação
da Arquidiocese de São Paulo,
padre Juarez de Castro, criticou ontem o poder público e
cobrou respostas das autoridades brasileiras.
"O poder público nos deve
uma resposta que não pode ser
o silêncio, não pode ser o descaso, e muito menos gestos obscenos [referência ao assessor
especial da Presidência, Marco
Aurélio Garcia]", disse.
Os parentes aplaudiram suas
palavras e muitos o cumprimentaram. "Uma coisa é morrer e outra coisa é morrer quando isso não deveria acontecer."
A celebração na catedral da
Sé começou com a mesma leitura feita ontem em todas as
Igrejas Católicas, e o refrão do
salmo escolhido emocionou os
presentes. "Senhor, quem morará em sua casa?", soluçava
Renata Vilhena Silva, prima da
estudante de medicina Mariana Pereira, 22, que voltava de
férias para casa no vôo da TAM.
Esclarecimento
O arcebispo dom Odilo Scherer expressou sua solidariedade e condolências aos parentes
das vítimas. "Queremos expressar o nosso desejo de que o
acontecimento seja esclarecido, que tragédias semelhantes
sejam evitadas e que os responsáveis arquem com as consequências devidas."
Ele ainda disse que, ao vislumbrar a ampliação de serviços de qualquer ordem, como
em Congonhas, é necessário
que exista a preocupação e a
percepção de que há "perspectivas de que aumentem os riscos decorrentes desse serviço."
Ao ser questionado sobre a
demora em providências para
evitar uma tragédia que muitos
já temiam, o arcebispo hesitou.
"Claro que, depois que acontece, a gente vai dizer que as
providências vieram tarde, mas
o importante agora é evitar que
aconteça de novo."
Pedido
Representando os parentes e
amigos das vítimas do acidente,
Jaqueline Smith Salgado, irmã
de Edmundo Smith, morto no
Airbus da TAM, subiu ao altar e
pediu que fosse feita uma prece
em nome de todos.
Ela também fez um apelo para que o processo de identificação dos corpos seja apressado.
"Queremos que liberem logo
os corpos dos nossos entes queridos. Eles estão acondicionados em quatro caminhões perto
do IML, para que possamos enterrá-los o quanto antes."
Para Ana Sílvia Volpi Scott,
48, mãe de Thais, também é importante que a identificação seja feita o mais rápido possível.
"É uma tragédia na minha vida
e na de todos que perderam
pessoas queridas", disse. "Quero que a minha filha tenha pelo
menos uma despedida digna,
cercada de amor, como ela
sempre teve. Para isso, precisamos que o corpo dela seja identificado logo."
Para a psicóloga Maria Cristina Batista Ferreira, 54, que
está acompanhando os parentes das vítimas, "a dor maior é a
angústia de não ter o corpo" dos
mortos. "Alguns precisam tomar calmantes", diz.
(CR e MB)
Texto Anterior: Em protesto, famílias rezam em balcão da TAM em Congonhas Próximo Texto: Tragédia em Congonhas/Caixa-preta: Agência dos EUA recebe hoje caixa-preta Índice
|