São Paulo, segunda-feira, 23 de julho de 2007

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"Resposta ao caso não pode ser gestos obscenos", afirma padre

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O secretário de comunicação da Arquidiocese de São Paulo, padre Juarez de Castro, criticou ontem o poder público e cobrou respostas das autoridades brasileiras.
"O poder público nos deve uma resposta que não pode ser o silêncio, não pode ser o descaso, e muito menos gestos obscenos [referência ao assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia]", disse.
Os parentes aplaudiram suas palavras e muitos o cumprimentaram. "Uma coisa é morrer e outra coisa é morrer quando isso não deveria acontecer."
A celebração na catedral da Sé começou com a mesma leitura feita ontem em todas as Igrejas Católicas, e o refrão do salmo escolhido emocionou os presentes. "Senhor, quem morará em sua casa?", soluçava Renata Vilhena Silva, prima da estudante de medicina Mariana Pereira, 22, que voltava de férias para casa no vôo da TAM.

Esclarecimento
O arcebispo dom Odilo Scherer expressou sua solidariedade e condolências aos parentes das vítimas. "Queremos expressar o nosso desejo de que o acontecimento seja esclarecido, que tragédias semelhantes sejam evitadas e que os responsáveis arquem com as consequências devidas."
Ele ainda disse que, ao vislumbrar a ampliação de serviços de qualquer ordem, como em Congonhas, é necessário que exista a preocupação e a percepção de que há "perspectivas de que aumentem os riscos decorrentes desse serviço."
Ao ser questionado sobre a demora em providências para evitar uma tragédia que muitos já temiam, o arcebispo hesitou.
"Claro que, depois que acontece, a gente vai dizer que as providências vieram tarde, mas o importante agora é evitar que aconteça de novo."

Pedido
Representando os parentes e amigos das vítimas do acidente, Jaqueline Smith Salgado, irmã de Edmundo Smith, morto no Airbus da TAM, subiu ao altar e pediu que fosse feita uma prece em nome de todos.
Ela também fez um apelo para que o processo de identificação dos corpos seja apressado.
"Queremos que liberem logo os corpos dos nossos entes queridos. Eles estão acondicionados em quatro caminhões perto do IML, para que possamos enterrá-los o quanto antes."
Para Ana Sílvia Volpi Scott, 48, mãe de Thais, também é importante que a identificação seja feita o mais rápido possível. "É uma tragédia na minha vida e na de todos que perderam pessoas queridas", disse. "Quero que a minha filha tenha pelo menos uma despedida digna, cercada de amor, como ela sempre teve. Para isso, precisamos que o corpo dela seja identificado logo."
Para a psicóloga Maria Cristina Batista Ferreira, 54, que está acompanhando os parentes das vítimas, "a dor maior é a angústia de não ter o corpo" dos mortos. "Alguns precisam tomar calmantes", diz. (CR e MB)


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