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IMPRENSA
Segundo delegado, Pimenta Neves, que confessou a seu advogado ter matado a ex-namorada, só sairá do local preso
Jornalista é internado em hospital de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
O diretor de Redação do jornal
"O Estado de S. Paulo", Antônio
Marcos Pimenta Neves, 63, foi internado às 19h de ontem no hospital Albert Einstein (zona sudoeste da capital) devido a intoxicação causada por ingestão excessiva de tranquilizantes.
Pimenta Neves havia confessado, segundo seu advogado, Antonio Claudio Maris de Oliveira, ter
matado com dois tiros sua ex-namorada e também jornalista Sandra Florentino Gomide, 32, no último domingo, em Ibiúna (SP).
A polícia deslocou cinco homens para o hospital, já que a prisão temporária do diretor de Redação foi decretada pela Justiça. O
jornalista estava desaparecido
desde o assassinato.
De acordo com o chefe da divisão de homicídios do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), delegado Nathan
Rosemblatt, que esteve ontem à
noite no hospital, Pimenta Neves
só sairá do local preso.
O boletim médico divulgado às
21h45 informou que o jornalista
estava internado na unidade de
terapia intensiva (UTI). Seu estado de saúde era "estável", segundo o documento assinado pelos
médicos José Henrique Germann
Ferreira e Ricardo Botticini Peres.
A Folha apurou que Pimenta
Neves tomou dose excessiva de
um tranquilizante provavelmente
da família dos benzodiazepínicos,
semelhante aos conhecidos Valium e Lexotan.
Os exames de detecção da substância ativa do medicamento só
devem ser concluídos hoje.
Ao se intoxicar com esse tipo de
remédio, a pessoa entra em estado de torpor, de sonolência. Não
responde a solicitações verbais e
perde contato com o meio ambiente (situação semelhante ao
coma induzido).
A internação em UTI é o procedimento médico aconselhável para evitar descontrole metabólico
das funções renal e respiratória e
da frequência cardíaca.
Até o início da noite, o delegado
Rosemblatt esperava que Pimenta
Neves se entregasse hoje às autoridades policiais, conforme combinado com Mariz de Oliveira.
De acordo com o delegado, o
jornalista será indiciado por homicídio doloso (com intenção de
matar), mas não informou se será
simples (com pena de seis a 20
anos de prisão) ou qualificado (de
12 a 30 anos). "Não temos dúvida.
O caso está solucionado", disse.
O advogado Mariz de Oliveira
disse à Folha, ontem pela manhã,
que Pimenta Neves confessou o
crime e que deveria apresentar
hoje a arma usada para matar a
ex-namorada: um revólver calibre 38, registrado em seu nome.
"Não sei os detalhes do crime,
mas meu cliente está arrependido
e muito abatido."
Segundo o advogado naquele
momento, a apresentação e a confissão do jornalista tornariam sem
efeito o pedido de prisão temporária. Ele disse que seu cliente não
está atrapalhando a investigação,
o que seria um dos motivos que
justificaria sua detenção.
Mariz de Oliveira afirmou também que Pimenta Neves e Sandra
mantinham "um relacionamento
muito conturbado".
"Eu não posso precisar. Por telefone, meu cliente disse que a relação era conturbada, mas com
um afeto muito grande", disse.
Na oportunidade, o advogado
afirmou que teria o primeiro encontro com Pimenta Neves ontem à tarde. O jornalista, segundo
seu defensor, estaria na cidade.
As fitas encontradas pela polícia
no sítio do diretor de Redação e
na secretária eletrônica do apartamento de Sandra, além do computador com e-mails enviados
pelo jornalista à ex-namorada, serão enviadas hoje ao Instituto de
Criminalística.
Helen Psaros, amiga da família
de Sandra, disse ter sido informada pela polícia de que as fitas da
secretária eletrônica da jornalista
não continham ameaças de morte. Já os e-mails registraram
ameaças veladas. Segundo Helen,
em uma das mensagens, o diretor
de Redação teria dito para a ex-namorada: "Tome cuidado, porque eu não tenho limites".
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