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CANDELÁRIA PAULISTA
Uma mulher foi morta e outras 3 pessoas agredidas, totalizando 6 mortos e 9 feridos; policiamento será reforçado
Moradores de rua sofrem novo ataque
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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Padre Julio Lancellotti (esq.), ao lado de Marta Suplicy e de dom Claudio Fummes, participa de ato na Sé |
ALENCAR IZIDORO
AMARÍLIS LAGE
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
Moradores de rua foram alvo de
novos ataques no centro de São
Paulo, três dias após as agressões
simultâneas que deixaram cinco
mortos e seis feridos -e que provocaram a reação de grupos de direitos humanos e de organizações
religiosas e a troca de acusações
entre os governos Geraldo Alckmin (PSDB) e Marta Suplicy (PT).
Três dos novos quatro crimes se
deram nas proximidades de postos da polícia e de um albergue. A
ação foi classificada repetidas vezes de "inusitada" pelo secretário
estadual da Segurança Pública,
Saulo de Castro Abreu Filho.
Os ataques da madrugada de
ontem tiveram como alvos dois
homens e duas mulheres e aconteceram da mesma forma que na
última quinta-feira: enquanto eles
dormiam, com golpes na cabeça
de "instrumentos contundentes"
como paus, tacos ou marretas.
"Foram pancadas certeiras e fortes", afirmou Abreu Filho.
Uma moradora de rua conhecida como Maria e que dormia na
rua Barão de Iguape -próxima
do 1º DP (Sé)- morreu. Uma outra mulher foi atacada na praça
São Vito e dois homens, nas ruas
Japurá -a menos de duas quadras de um albergue municipal-
e Quintino Bocaiúva -a um
quarteirão de uma base da Polícia
Militar e da Guarda Civil. Os três
feridos foram levados ao Hospital
do Servidor Público Municipal e
correm risco de morte.
Ontem também morreu mais
um dos moradores de rua agredidos três dias antes, aumentando
para seis a quantidade de mortos
dos dois ataques -além de nove
que também foram atingidos e
que permanecem internados.
Trata-se da maior agressão em
série contra a população de rua já
registrada na capital paulista.
O secretário afirmou que a polícia trabalha como provável "crime serial" 14 desses casos -com
seis mortos e oito feridos. O 15º,
na rua Rui Barbosa, assim como
outros crimes contra esses grupos
nos últimos dias (inclusive um
homem atingido por bomba caseira anteontem na zona leste),
não estão sendo elencados inicialmente na mesma investigação
sob a alegação de que as características -tanto da agressão como
da localização- são diferentes.
Abreu Filho convocou ontem a
imprensa, acompanhado de líderes de entidades que trabalham
com moradores de rua e de um
representante da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), para
anunciar um reforço no policiamento no centro de São Paulo.
Ele afirma que esses grupos vão
auxiliar no "relacionamento"
com a população que dorme nas
calçadas para identificar a motivação do crime. Também foram
infiltrados policiais do serviço reservado, que atuam sem farda.
A polícia trabalha oficialmente
com duas hipóteses principais para os ataques seriais: a ação de traficantes de drogas -que estariam
cobrando dívidas- ou de um
grupo de intolerância, como os
que atacaram dois homossexuais
na praça da República em 2000.
Também é investigada a possibilidade de briga entre os próprios moradores de rua e a atuação de comerciantes, que poderiam ter contratado seguranças
para afastá-los das calçadas.
O fato de os instrumentos usados nas agressões serem todos semelhantes, sem incluir objetos
cortantes como facas ou cacos de
vidro, é algo que minimiza a
chance de briga entre eles.
Abreu Filho também diz ser
"mais remota" a hipótese de envolvimento dos donos de lojas em
razão de os ataques parecerem visar a morte, e não um "corretivo".
Questionado sobre a suposta
participação de policiais, ele declarou que ela "está totalmente
descartada no momento". Ele admitiu a possibilidade de os criminosos de quinta e de ontem serem
diferentes -"de alguém ter se
aproveitado da publicidade" do
caso ou "até psicopatas".
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