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CANDELÁRIA PAULISTA
Secretário da Segurança nega falha em policiamento e diz que novos ataques são "inusitados"
Estado anuncia reforço policial no centro
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais de três dias depois dos primeiros ataques aos moradores de
rua em São Paulo, a Secretaria da
Segurança Pública anunciou um
reforço no contingente de PMs
que patrulham a região central e
de integrantes da Polícia Civil responsáveis pela investigação.
O titular da pasta, Saulo de Castro Abreu Filho, negou que a polícia tivesse sido displicente após as
agressões na madrugada de quinta-feira. Alegou que a PM concentrou seus 200 homens responsáveis pelo centro- incluindo da
rua da Consolação à praça da
Sé- nos lugares que agrupam a
população de rua, mas que "a área
territorial é gigantesca" e que as
vítimas "se espalharam".
Ontem ele declarou que haverá
um reforço de mais 81 PMs na região central, incluindo dois pelotões da Rota e grupamentos com
cavalos e motocicletas. Também
afirmou que participarão das investigações mais 35 homens do
GOE (Grupo de Operações Especiais) e 22 do setor de inteligência,
23 de uma equipe que cuida de
chacinas e 30 de outra divisão.
"Vamos ficar com esse reforço até
esclarecer", afirmou.
Abreu Filho evitou reconhecer
falhas da ação policial sob a alegação de que os novos ataques são
"inusitados". "Eu não lembro, em
20 anos de carreira, de ter acontecido um múltiplo homicídio e depois, na mesma região, novamente. É um fato novo", disse.
Sobre os ataques terem sido feitos até perto de uma base da PM e
de uma delegacia, alegou que essa
possibilidade é grande por haver
postos de policiais "em todos os
bairros" e "muitos lugares", não
significando que eles tenham "assistido passivamente".
O secretário disse ainda estar
"de braços abertos para qualquer
auxílio da Polícia Federal". Cobrou a liberação de recursos federais para a segurança de São Paulo
-que, segundo ele, até agora foi
de 0,5% do orçamento previsto.
Prefeitura
Na entrevista coletiva que concedeu ontem, Abreu Filho voltou
a fazer ataques à prefeitura. Chegou a dizer também que "a pior
imagem que a imprensa pode dar
[à série de ataques] é colocar como se fosse uma questão de mera
impotência da polícia".
O secretário afirmou ter orientado a PM a recolher os moradores de rua e levá-los a albergues no
dia seguinte à primeira série de
ataques, mas que, a partir das 23h,
as portas foram trancadas e a entrada, proibida, por falta de vagas.
"Nós temos inclusive esse documento gravado. O subprefeito ligou e falou "não tem mais lugar'",
disse, acrescentando que "talvez
um cadáver [de hoje] tivesse sido
recolhido ontem".
Abreu Filho declarou que "vão
dizer que estou politizando" e que
fica "chateado" por encarar as críticas como algo da campanha
eleitoral. "Por favor, Marta Suplicy, abra vagas para a polícia poder levar os moradores de rua",
afirmou depois, dizendo desconhecer "a política pública do município para lidar com a questão".
Intolerância
O presidente da Comissão de
Direitos Humanos, Hédio Silva
Jr., e a polícia receberam ontem,
no ato de repúdio aos atentados
sofridos por moradores de rua,
uma carta de um grupo de intolerância identificado como Organização Branco-Européia Brasileira. A carta versava sobre o slogan
"sangue, orgulho e honra", atacando migrantes nordestinos e fazendo apologia aos brancos.
Apesar de não apresentar em
seu texto nenhuma relação direta
com os crimes contra a população
de rua, a carta será considerada
nas investigações da polícia.
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