São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2004

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AMBIENTE

Dados estão em relatórios dos dez primeiros dias de funcionamento da estação medidora da Cetesb no município

Ribeirão sofre com ozônio e baixa umidade

AFRA BALAZINA
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

Relatórios emitidos pela Cetesb nos dez primeiros dias de funcionamento da sua estação medidora em Ribeirão Preto mostram que a qualidade do ar no município é apenas regular, principalmente em razão da grande concentração de ozônio.
No mesmo período, outras cidades onde a qualidade do ar é medida diariamente pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), como São José dos Campos e Campinas, tiveram resultados melhores.
Dos dez relatórios diários da Cetesb entre 10 de agosto, quando a estação foi instalada, e a última sexta-feira, a qualidade do ar ficou regular em seis dias e boa em quatro. No mesmo período, em Campinas, a qualidade foi boa em oito dias e regular em dois.
A concentração de ozônio na quinta-feira em Ribeirão estava em 119 microgramas por metro cúbico -para a qualidade do ar ser boa, deve ficar entre zero e 80 microgramas por metro cúbico.
A poluição por ozônio, segundo a Cetesb, por se tratar de um gás tóxico, pode causar sérios efeitos, mesmo em baixa concentração, como irritação nos olhos, no nariz e na garganta, envelhecimento precoce da pele, náusea, dor de cabeça, tosse, fadiga e agravamento de doenças respiratórias.
A exposição ao ozônio é mais prejudicial quando se está fazendo exercícios físicos, situação em que pode haver uma redução sensível da capacidade respiratória.
As condições climáticas têm contribuído para piorar as condições. A baixa umidade do ar, que chegou a 24% ontem (abaixo de 30% já significa estado de atenção), e a falta de chuvas prejudicam a dispersão dos poluentes.
Segundo o médico pneumologista e professor aposentado da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), José Carlos Manço, o ozônio é um agente oxidante que prejudica, principalmente, o aparelho respiratório. "Mesmo em repouso, respiramos seis litros de ar por minuto e vamos acumulando as partículas que entram com ele", disse o médico, que dirige a Associação Cultural e Ecológica Pau Brasil.
Tido como poluente secundário, o ozônio se forma com a incidência da luz solar, que quebra as moléculas dos hidrocarbonetos liberados na combustão de gasolina, diesel e outros combustíveis.
Para o promotor do Meio Ambiente Marcelo Pedroso Goulart, a alta concentração de ozônio é provocada também pelas queimadas, que continuam liberadas em Ribeirão. "Tenho estudos do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] que mostram que, na época da safra, o ar de Ribeirão fica pior que o de cidades industrializadas como São José dos Campos", afirmou.
De acordo com o gerente regional da Cetesb em Ribeirão, Marco Antonio Sanchez Artuzo, o ozônio está regular em praticamente todo o Estado. "Além disso, o poluente pode ser gerado à distância e trazido pelos ventos", afirmou.
A qualidade do ar tem sido afetada pela falta de chuvas -segundo a Defesa Civil do Estado, em agosto ainda não choveu em nenhuma cidade da região. A média de chuvas na microrregião de Ribeirão no mês é de 21,6 mm.
Segundo o gerente da UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde), Luiz Roberto Caligares Pires, o perfil do atendimento muda neste período do ano. "Se antes atendíamos 10% de pacientes com problemas respiratórios, nesta época chega a 30%. As inalações passam de 30 a 40 por dia para 100 a 120", afirmou.


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