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AMBIENTE
Dados estão em relatórios dos dez primeiros dias de funcionamento da estação medidora da Cetesb no município
Ribeirão sofre com ozônio e baixa umidade
AFRA BALAZINA
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
Relatórios emitidos pela Cetesb
nos dez primeiros dias de funcionamento da sua estação medidora em Ribeirão Preto mostram
que a qualidade do ar no município é apenas regular, principalmente em razão da grande concentração de ozônio.
No mesmo período, outras cidades onde a qualidade do ar é
medida diariamente pela Cetesb
(Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), como São
José dos Campos e Campinas, tiveram resultados melhores.
Dos dez relatórios diários da
Cetesb entre 10 de agosto, quando
a estação foi instalada, e a última
sexta-feira, a qualidade do ar ficou regular em seis dias e boa em
quatro. No mesmo período, em
Campinas, a qualidade foi boa em
oito dias e regular em dois.
A concentração de ozônio na
quinta-feira em Ribeirão estava
em 119 microgramas por metro
cúbico -para a qualidade do ar
ser boa, deve ficar entre zero e 80
microgramas por metro cúbico.
A poluição por ozônio, segundo
a Cetesb, por se tratar de um gás
tóxico, pode causar sérios efeitos,
mesmo em baixa concentração,
como irritação nos olhos, no nariz
e na garganta, envelhecimento
precoce da pele, náusea, dor de
cabeça, tosse, fadiga e agravamento de doenças respiratórias.
A exposição ao ozônio é mais
prejudicial quando se está fazendo exercícios físicos, situação em
que pode haver uma redução sensível da capacidade respiratória.
As condições climáticas têm
contribuído para piorar as condições. A baixa umidade do ar, que
chegou a 24% ontem (abaixo de
30% já significa estado de atenção), e a falta de chuvas prejudicam a dispersão dos poluentes.
Segundo o médico pneumologista e professor aposentado da
Faculdade de Medicina da USP
(Universidade de São Paulo), José
Carlos Manço, o ozônio é um
agente oxidante que prejudica,
principalmente, o aparelho respiratório. "Mesmo em repouso, respiramos seis litros de ar por minuto e vamos acumulando as partículas que entram com ele", disse
o médico, que dirige a Associação
Cultural e Ecológica Pau Brasil.
Tido como poluente secundário, o ozônio se forma com a incidência da luz solar, que quebra as
moléculas dos hidrocarbonetos
liberados na combustão de gasolina, diesel e outros combustíveis.
Para o promotor do Meio Ambiente Marcelo Pedroso Goulart,
a alta concentração de ozônio é
provocada também pelas queimadas, que continuam liberadas
em Ribeirão. "Tenho estudos do
Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] que mostram
que, na época da safra, o ar de Ribeirão fica pior que o de cidades
industrializadas como São José
dos Campos", afirmou.
De acordo com o gerente regional da Cetesb em Ribeirão, Marco
Antonio Sanchez Artuzo, o ozônio está regular em praticamente
todo o Estado. "Além disso, o poluente pode ser gerado à distância
e trazido pelos ventos", afirmou.
A qualidade do ar tem sido afetada pela falta de chuvas -segundo a Defesa Civil do Estado, em
agosto ainda não choveu em nenhuma cidade da região. A média
de chuvas na microrregião de Ribeirão no mês é de 21,6 mm.
Segundo o gerente da UBDS
(Unidade Básica Distrital de Saúde), Luiz Roberto Caligares Pires,
o perfil do atendimento muda
neste período do ano. "Se antes
atendíamos 10% de pacientes
com problemas respiratórios,
nesta época chega a 30%. As inalações passam de 30 a 40 por dia
para 100 a 120", afirmou.
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