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SEGURANÇA
Meninos de 10 e 13 anos foram arrancados de ônibus escolar e ficaram 17 dias em cativeiro; dois homens estão presos
Após 3 h de negociação, polícia liberta irmãos
SÍLVIA CORRÊA
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois irmãos de 10 e 13 anos foram libertados pela Polícia Civil
na madrugada de ontem após 17
dias de seqüestro. O cerco ao cativeiro -uma casa alugada em
Embu-Guaçu (Grande SP)- durou três horas. Durante as negociações, os meninos foram mantidos como escudo, com armas
apontadas para suas cabeças.
"O início foi tenso. Eles diziam
que se entrássemos na casa eles
matariam as duas crianças e se
matariam", narrou o delegado
Marcos Flório Manarini, da DAS
(Divisão Anti-Seqüestro).
O seqüestro começara às 6h55
da quarta-feira, 4 de agosto. Os
meninos seguiam para o colégio
no ônibus escolar que tradicionalmente usavam quando o veículo
foi fechado por um Astra prata.
Dois homens armados desceram do Astra, renderam o motorista e pelo menos 15 crianças e arrastaram os irmãos para fora. A
ação evidenciou que eles sabiam
bem quem estavam procurando.
"Nas ligações telefônicas já ficou
claro que os seqüestradores tinham muitos detalhes da vida da
família", afirma Wagner Giudice,
diretor da DAS. A polícia acredita
que as dicas tenham sido dadas
por pessoas próximas a parentes
das vítimas.
Os meninos são filhos de um comerciante que fez seus negócios
deslancharem no extremo sul de
São Paulo. A Folha não divulga
seu nome por não ter autorização.
Hoje, ele tem quatro depósitos
de material de construção na região da Cidade Dutra e do Grajaú,
onde segue vivendo. Para a polícia, foi o contraste entre o padrão
de vida da família e as condições
do entorno que colocaram as
crianças no alvo da quadrilha. Ex-funcionários do pai dos meninos
são os principais suspeitos.
Nos dez primeiros dias de seqüestro, os criminosos fizeram
cinco contatos e pediram R$ 1 milhão. Depois, não mais ligaram.
As chamadas, porém, foram rastreadas desde o princípio: partiam de estações telefônicas de
Jundiaí (60 km de São Paulo).
A polícia passou a cruzar as informações de que dispunha
-voz do negociador, retrato falado dos suspeitos, cidade de origem das chamadas e local de
abordagem- com os dados referentes a sequëstros encerrados recentemente. Achou um caso muito semelhante. Chamada, a vítima
-uma mulher de 70 anos- reconheceu nos rostos desenhados
os seus próprios seqüestradores.
Há pouco mais de um mês, ela
havia sido levada numa ação
igualmente ousada: de dentro da
loja do filho, no extremo sul da cidade, durante um assalto, num
domingo à tarde. Foi solta após
dez dias e R$ 15 mil de resgate.
O mosaico para localizar as
crianças contou com informações
das interceptações telefônicas e
dados apurados durante o seqüestro da idosa. Todos os indícios levavam a Embu-Guaçu.
Inteligência
Por vários dias, a região foi observada de helicóptero. Às 22h de
sábado a polícia chegou à casa de
número 158 da rua Valdomiro
Moreira. O imóvel foi cercado,
mas ninguém atendia aos chamados. "Aí tentamos arrombar a
porta dos fundos, mas eles atiraram. Foi aí que tivemos certeza de
que estávamos no lugar certo",
disse o delegado Manarini.
Os 20 policiais se afastaram, e as
negociações começaram. Pouco a
pouco, Manarini conseguiu se
aproximar de um vitrô, por onde
mostrou as mãos desarmadas aos
seqüestradores. Viu que eram
dois e que mantinham as crianças
sob a mira de três armas.
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