São Paulo, segunda-feira, 23 de agosto de 2004

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CINEMA

Entidade responsável pelo evento é suspeita de utilizar notas frias

PF faz operação de busca no Festival de Gramado

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O Festival de Cinema de Gramado passou na tarde da última quinta por operação da Polícia Federal que apreendeu um computador e prestações de contas do evento, na Câmara da Indústria, Comércio, Serviços, Agricultura e Turismo do município, entidade que é responsável pelo evento.
A operação ocorreu a pedido da procuradora da República Sônia Cristina Niche, que investiga supostas irregularidades em prestações de contas do evento entre 2001 e 2003, conforme publicou a Folha no início de julho.
O festival, que tem abrangência latino-americana, é suspeito de ter utilizado notas frias para justificar despesas, que podem se aproximar de R$ 2 milhões. São 65 irregularidades listadas no procedimento administrativo 295/2003, com as especificações dos cheques que foram repassados, documentação à qual a Folha teve acesso. Há notas com data posterior ao evento, ausência da especificação de hóspedes em hotel; nota sem especificação do evento nem data; descompasso entre a data de um cheque e nota correspondente etc.
Foi citado também o caso de um hotel que registrou em sua fatura o pagamento feito com cheque de um banco, quando, na verdade, era de outro, e a utilização de notas destinadas a comprovar pagamentos de hospedagem, mas feitos para uma empresa de estruturas metálicas.
Os cheques 850062 (R$ 2.068) e 850067 (R$ 9.000), por exemplo, foram emitidos em 29 e 30 de agosto de 2002. Notas que justificam os cheques, porém, estão sem data, enquanto outras têm data posterior ao evento.
De acordo com a investigação do Ministério Público, apenas em 2001, seis notas fiscais duplas foram usadas para explicar verbas diferentes. A mesma nota aparece em duas prestações de contas, uma do Ministério do Esporte e do Turismo e outra da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Ou seja, serviu para justificar gastos bancados por órgãos públicos.
A entidade responsável pelo festival já abriu auditoria para analisar as contas do evento e repassou dados para o Ministério Público. O atual presidente, Claudino Camatti, diz querer ter tudo esclarecido sobre o assunto. O presidente da câmara na época dos fatos agora investigados, Gilberto Michaelsen, diz desconhecê-los e não comenta o assunto.


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