São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 2006

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Testemunhas de chacina no Rio reconhecem PM

Carlos Carvalho é apontado como um dos autores de 29 mortes na Baixada Fluminense

Três testemunhas ouvidas ontem reconheceram o soldado; uma delas disse que foi o próprio Carvalho quem atirou na perna dela


TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Três das quatro testemunhas de acusação ouvidas ontem no julgamento de um dos PMs acusados de participar da chacina de 29 pessoas na Baixada Fluminense, em março do ano passado, reconheceram o soldado Carlos Jorge Carvalho, 32, como participante da matança. Uma das testemunhas, que foi a única sobrevivente, disse que foi o próprio Carvalho quem atirou nela.
A quarta testemunha quebrou o álibi do policial e afirmou que ele esteve em um bar bebendo com outros quatro PMs acusados e que serão julgados ainda neste ano.
A defesa apresentou outras quatro testemunhas. Entre elas, duas se declararam "amigos íntimos" do réu e por isso não têm obrigação jurídica de dizer a verdade.
A primeira pessoa a ser ouvida ontem no Tribunal de Júri de Nova Iguaçu foi um ex-jornaleiro de 45 anos, que sobreviveu à matança e não pode ter seu nome revelado.
Essa testemunha hoje anda com dificuldades e chegou ao Tribunal usando muletas. O ex-jornaleiro disse ter visto o soldado atirar contra ele.
"Vi quando ele [Carvalho] desceu do lado do carona e, por cima do carro, deu o tiro", disse.
A segunda testemunha também afirmou ter visto Carvalho em um outro local do crime, um lava-jato de Queimados.
Amigo dos quatro homens que morreram no lugar, a testemunha tinha deixado o local minutos antes das mortes, ouviu os tiros e pulou o muro vizinho, de onde conseguiu ver Carvalho e outros três PMs.
Em seguida, a juíza ouviu o dono do bar Águia Branca, em Nova Iguaçu, que afirmou ter servido cerveja a Carvalho e aos outros quatro acusados horas antes da matança. Ele quebrou o álibi de Carvalho que afirmou não conhecer os outros policiais envolvidos.
O último ouvido pela acusação foi o filho de um homem morto na chacina. Ele estava no sobrado do bar onde o pai foi assassinado com um tiro e não hesitou em apontar Carvalho como o homem "que estava com a arma na mão" no local. A sentença final deverá ser divulgada hoje.
À tarde, parentes das vítimas da chacina voltaram a temer a violência na Baixada Fluminense. Informações recebidas por moradores da rua Gama, em Nova Iguaçu relatavam que três homens estariam perguntando onde moravam os parentes das vítimas. O promotor Marcelo Muniz enviou policiais ao local para averiguar a denúncia.


NA INTERNET- Leia mais sobre a chacina www.folha.com.br/062331


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