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Testemunhas de chacina no Rio reconhecem PM
Carlos Carvalho é apontado como um dos autores de 29 mortes na Baixada Fluminense
Três testemunhas ouvidas
ontem reconheceram o soldado; uma delas disse que foi o próprio Carvalho quem atirou na perna dela
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Três das quatro testemunhas
de acusação ouvidas ontem no
julgamento de um dos PMs
acusados de participar da chacina de 29 pessoas na Baixada
Fluminense, em março do ano
passado, reconheceram o soldado Carlos Jorge Carvalho,
32, como participante da matança. Uma das testemunhas,
que foi a única sobrevivente,
disse que foi o próprio Carvalho
quem atirou nela.
A quarta testemunha quebrou o álibi do policial e afirmou que ele esteve em um bar
bebendo com outros quatro
PMs acusados e que serão julgados ainda neste ano.
A defesa apresentou outras
quatro testemunhas. Entre
elas, duas se declararam "amigos íntimos" do réu e por isso
não têm obrigação jurídica de
dizer a verdade.
A primeira pessoa a ser ouvida ontem no Tribunal de Júri
de Nova Iguaçu foi um ex-jornaleiro de 45 anos, que sobreviveu à matança e não pode ter
seu nome revelado.
Essa testemunha hoje anda
com dificuldades e chegou ao
Tribunal usando muletas. O ex-jornaleiro disse ter visto o soldado atirar contra ele.
"Vi quando ele [Carvalho]
desceu do lado do carona e, por
cima do carro, deu o tiro", disse.
A segunda testemunha também afirmou ter visto Carvalho
em um outro local do crime,
um lava-jato de Queimados.
Amigo dos quatro homens
que morreram no lugar, a testemunha tinha deixado o local
minutos antes das mortes, ouviu os tiros e pulou o muro vizinho, de onde conseguiu ver
Carvalho e outros três PMs.
Em seguida, a juíza ouviu o
dono do bar Águia Branca, em
Nova Iguaçu, que afirmou ter
servido cerveja a Carvalho e aos
outros quatro acusados horas
antes da matança. Ele quebrou
o álibi de Carvalho que afirmou
não conhecer os outros policiais envolvidos.
O último ouvido pela acusação foi o filho de um homem
morto na chacina. Ele estava no
sobrado do bar onde o pai foi
assassinado com um tiro e não
hesitou em apontar Carvalho
como o homem "que estava
com a arma na mão" no local. A
sentença final deverá ser divulgada hoje.
À tarde, parentes das vítimas
da chacina voltaram a temer a
violência na Baixada Fluminense. Informações recebidas
por moradores da rua Gama,
em Nova Iguaçu relatavam que
três homens estariam perguntando onde moravam os parentes das vítimas. O promotor
Marcelo Muniz enviou policiais ao local para averiguar a
denúncia.
NA INTERNET- Leia mais sobre a
chacina
www.folha.com.br/062331
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