São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 2006

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Ar seco deixa Ribeirão em emergência pelo 2º dia

Umidade do ar atingiu 11,2% às 15h; meteorologia não prevê chuva até dia 5

Queimadas agravam a situação e sem-terra pedem inaladores e caminhões-pipa para conter poeira


JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

A cidade de Ribeirão Preto, no interior paulista, enfrentou ontem o segundo dia consecutivo em estado de emergência em razão das taxas críticas da umidade relativa do ar. O menor índice do dia, 11,2%, foi registrado às 15h, conforme a medição feita pelo Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos). Em Foz do Iguaçu (PR), o índice foi ainda mais baixo, de 8%, mas a Defesa Civil não confirmou o dado.
Abaixo de 12% é considerado estado de emergência, segundo o Cepagri (Centro de Ensino e Pesquisa em Agricultura) da Unicamp.
Anteontem, a umidade em Ribeirão (314 km de São Paulo) foi ainda mais baixa: 4,8%, às 16h, segundo a Defesa Civil. Desde outubro de 2002, quando a umidade atingiu 7%, a cidade não registrava níveis tão reduzidos.
A situação deve piorar: a meteorologia prevê aumento da temperatura nos próximos dias -ontem, a máxima foi de 28C- e nenhuma chuva até o próximo dia 5.
A baixa umidade pode causar falta de ar, sangramento pelo nariz, ardência nos olhos e ressecamento da mucosa que protege as vias aéreas.
O tempo seco é agravado pelas queimadas de cana e urbanas. Ontem, uma queimada gigante atingiu parte da fazenda da Barra, que está ocupada por 600 famílias de sem-terra.
O Corpo de Bombeiros usou sete carros e precisou de cinco horas para debelar o fogo.
Pela manhã, os sem-terra tinham pedido à prefeitura que lhes enviasse inaladores para uso das crianças e carros-pipa para minimizar a poeira.
O ar seco está fazendo a população mudar sua rotina. O enfermeiro Hueslei Martins de Melo, 30, aproveitava uma "brecha" entre um plantão e outro para exercitar-se, mas deixou o hábito.
"Antes vinha ao parque em qualquer horário, quando o trabalho permitia, mas agora está tão seco que só venho no fim da tarde ou começo do dia."
A dona-de-casa Renata Oliveira de Almeida, 28, explicou que já se acostumou a levar os filhos, Jeremias, 3, e Estevão, 1, que têm bronquite, ao posto de saúde sempre que a umidade baixa.

Alerta
O epidemiologista Luiz Alberto Amador Pereira, pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP, em São Paulo, diz que a sensação de areia nos olhos e o nariz irritado provocados pelo tempo seco são um alerta do organismo.
Ressecada, a mucosa das vias aéreas e dos olhos deixa o corpo suscetível a ataques de vírus e bactérias, que provocam infecções e doenças respiratórias e oculares.
"Com umidade abaixo dos 15%, o organismo começa a se prejudicar bastante, porque as defesas estão enfraquecidas."
Em Ribeirão Preto, a incidência de viroses aumentou até 30% nas últimas três semanas nas unidades de saúde.


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