São Paulo, domingo, 23 de agosto de 1998

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Negros da UFBa fazem cursos "sem prestígio'

CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador

Uma pesquisa realizada por Delcele Mascarenhas, 48, revela que os negros e pardos que se matricularam no em 97 na UFBa (Universidade Federal da Bahia) se concentram em cursos de "pouco prestígio".
Segundo a pesquisa, feita no período da matrícula, 63% dos alunos de letras são negros e pardos. Na biblioteconomia, eles são 62%. Nas artes plásticas, 58%, e nas ciências contábeis, 57%.
"Mais de um século após a abolição da escravatura, a sociedade ainda não fez praticamente nada para melhorar as condições sociais dos negros e dos pardos", disse Delcele, que atualmente faz doutorado na UFBa.
Segundo Delcele, foram pesquisados cerca de 3.100 dos 3.600 alunos que ingressaram na UFBa no ano passado. Pela resposta dos universitários, 41,7% dos alunos que ingressaram na UFBa em 97 são pretos e pardos -os brancos somaram 49,8%.
"A diferença (8,1 pontos percentuais) poderia ser pouco significativa se a população negra baiana não fosse quase 80% dos habitantes", disse.
Pela pesquisa, 65% dos estudantes de medicina que começaram a estudar na UFBa no ano passado são brancos. No vestibular para direito, 60% dos aprovados são brancos. Em odontologia, os brancos também são 60%.




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