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SAÚDE
Enfermeiras obstetrizes só farão parto normal na unidade da rede pública, que deverá atender sete mulheres por dia
SP terá a primeira casa de parto do país
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
Uma casa modesta na periferia
sudeste de São Paulo está sendo
preparada para abrigar uma experiência inédita no país: será a primeira casa de parto dentro da rede
pública de saúde, com inauguração no próximo mês.
Nos seus quatro quartos, sete
mulheres devem dar à luz por dia.
Uma cadeira especialmente desenhada facilitará o parto na vertical. As mães estarão acompanhadas de seus familiares e serão assistidas por enfermeiras obstetrizes. Não haverá médicos na casa.
Se alguma complicação ocorrer,
uma ambulância, que fica na porta
da casa, transportará a gestante
para o hospital mais próximo.
A casa de parto é uma volta ao
parto domiciliar, com alguns cuidados importantes: ela deve oferecer o conforto e a descontração de
uma casa e a segurança de uma
maternidade.
A casa terá equipamentos mínimos para acompanhar os batimentos cardíacos da mãe e do bebê. Banheiras com água aquecida,
massagens e acupuntura serão utilizadas para relaxamento e alívio
da dor, como sugere a Organização Mundial da Saúde. A casa segue um modelo já amplamente
empregado no Canadá e em alguns países da Europa.
"A casa permitirá que o parto
volte a ser um ato fisiológico",
afirma David Capistrano Filho,
médico coordenador do projeto
Qualis, Qualidade de Vida Integral. Qualis é o nome fantasia do
programa Saúde da Família da cidade de São Paulo. Nas regiões
norte e sudeste, o Qualis é uma
parceria da Secretaria de Estado da
Saúde e da Fundação Zerbini.
No zona leste, onde o programa
começou, a secretaria tem parceria com Hospital Santa Marcelina.
Nessa região, em Itaquera, uma
segunda casa de parto deve funcionar ainda este ano. A intenção é
que esse modelo de casa seja adotado em toda a rede pública.
A primeira casa de parto funcionará provisoriamente num imóvel
alugado em Sapopemba. Em janeiro próximo, ocupará um prédio agora em obras e que abrigará
todo o programa Saúde da Família
dos distritos de Sapopemba e do
Parque São Lucas. Na região, que
reúne uma população superior a
400 mil pessoas, não há um único
leito de maternidade.
A concepção da casa tem a participação do Genp, Grupo de Estudos sobre Nascimento e Parto do
Instituto de Saúde.
Sua implantação segue os princípios do Rehuma, uma rede de profissionais que prega o "parto
humanizado", onde o respeito à
mãe e à criança são fundamentais.
Segundo Capistrano, a implantação das casas encontrou resistência por parte da classe médica
que considera o programa um retrocesso. "Estamos seguindo a
tendência do Primeiro Mundo",
diz. Segundo seus dados, as complicações e a mortalidade materna
nas cesáreas são três vezes superiores ao parto normal. E os custos
de um nascimento numa casa de
parto chega a ser cinco vezes menor que numa maternidade.
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