São Paulo, domingo, 23 de agosto de 1998

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Programa prevê parto domiciliar

da Reportagem Local

Enfermeiras obstetrizes de São Paulo começam a se preparar para fazer partos em casa. O Corem (Conselho Regional de Enfermagem) está incentivando a implantação do programa "home-care", no qual enfermeiros farão atendimento domiciliar.
O programa inclui a formação de grupos compostos por médico e enfermeira obstetriz para o acompanhamento do pré-natal, parto e pós-parto. Se o parto for normal, será feito na própria casa pela própria enfermeira.
"Estamos defendendo a formação desses grupos ao mesmo tempo que combatemos as parteiras clandestinas", afirma Claudio Porto, da fiscalização do Coren.
De acordo com a legislação, só o médico e a enfermeira obstetriz podem realizar partos, esta última apenas em nascimentos normais.
Segundo o Coren, fiscalizações realizadas no último ano mostraram que em 70% das maternidades trabalhavam parteiras desqualificadas. Em muitas delas, auxiliares de enfermagem faziam os partos normais que o SUS pagava aos médicos, situação que ainda prevalece em muitas regiões do país.
A lei, no entanto, não considera que quase 300 mil crianças nascem pelas mãos de parteiras tradicionais, o que significa mais de 15% dos nascimentos do país.
Por conta dessa legislação, o ambulatório da favela Monte Azul, na região sudoeste da cidade, não vem fazendo partos desde abril passado. A parteira Angela Geherke da Silva, formada na Alemanha, foi impedida de exercer a profissão porque seu diploma não é reconhecido no Brasil.
A casa de partos do Monte Azul já realizou 1.200 partos nos últimos dez anos, com um índice de 3% de cesáreas, só comparável ao de países europeus.
Angela Geherke matriculou-se em um curso de pós-graduação em obstetrícia e no final do ano poderá voltar a fazer partos.
O Ministério da Saúde, por sua vez, também está mudando sua visão de nascimento, incentivando o parto humanizado e desestimulando as cesáreas. (AB)


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