São Paulo, domingo, 23 de agosto de 1998

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"Problema está nos médicos"

da Reportagem Local

O alto índice de cesárea no Brasil não deve ser resolvido com medidas como a do parto em quarto de hospital. Essa é a opinião do chefe do departamento de ginecologia e obstetrícia da Faculdade de Medicina da USP, Marcelo Zugaibe.
Segundo Zugaibe, esse problema só se combate com a reeducação dos médicos. "No geral, não são as mulheres que ficam pedindo para fazer a cirurgia. São os médicos que acabam difundindo a cesárea, principalmente por causa dos horários marcados, que permitem realizar mais partos", diz.
Atualmente, em decorrência de uma medida do Ministério da Saúde, o número de cesáreas tem de ser reduzido para 40% do total de partos em hospitais públicos. Esse é o teto estabelecido pelo governo para repassar as verbas.
"Essa medida é muito correta. Mexeu no bolso, agora vai surtir algum efeito", diz. Porém, no Hospital das Clínicas, para onde são encaminhados casos mais complicados, o número de cesáreas não está sofrendo redução.
"Não tenho como fazer um parto normal em uma mulher com cesáreas anteriores. Há muitos casos complicados que impedem esse tipo de parto. Eu vou ter de começar a recusar grávidas, porque posso fazer um parto e não receber verba do governo", afirmou o médico. (CC)



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