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ABUSO SEXUAL
Moradores do Oregon compram casa para impedir que condenado por abuso se mude para bairro
Americano paga para escolher vizinho
VAGUINALDO MARINHEIRO
em Fort Lauderdale
Como o Brasil ainda está assustado com o maníaco do parque,
essa reportagem poderia ser um
"Você Decide". Pergunta 1 - Você acha que molestadores sexuais
merecem uma segunda chance
após cumprir pena de prisão? Pergunta 2 - Você acha que moradores de uma rua têm o direito de
escolher quem vai morar nela?
Americanos de uma cidade do
Oregon (costa oeste dos EUA) responderam não para a primeira
pergunta e sim para a segunda.
Eles compraram um casa na cidade de Dilley para impedir que
Jonathan Hawes, solto terça-feira
passada após passar cinco anos
presos por abusar sexualmente de
duas meninas de 10 anos, fosse
morar nela.
Antes disso, ameaçaram matar o
ex-preso ou incendiar a casa. Depois das ameaças, Wendy Brewton, mãe de Hawes e proprietária
do imóvel, resolveu vendê-la por
US$ 250 mil.
O caso mostra duas características dos americanos: que eles estão
cada vez mais se organizando em
associações de vizinhos para combater a criminalidade (o que é
considerado positivo) e que o medo da violência está fazendo com
que eles sejam preconceituosas e
segregacionistas.
"Muitas comunidades preferem
prisão perpétua para molestadores de crianças a que eles vivam na
mesma comunidade", disse à Folha Lawrence Sherman, professor
do Departamento de Criminologia
da Universidade de Maryland, que
estuda violência e comunidade
nos Estados Unidos.
As comunidades têm um certo
apoio da Justiça. Em 36 Estados
americanos, a polícia é obrigada a
notificar os moradores de um
bairro quando presos que cumpriram penas por molestamento sexual estão sendo soltos e se mudando para o bairro.
As leis começaram a aparecer em
1994 quando uma menina de New
Jersey de 7 anos foi estuprada e
morta por um vizinho que havia
sido solto após cumprir pena por
abuso sexual.
"Essas leis têm provocado um
aumento no número de violência
contra os ex-presidiários e não dá
para saber se causou alguma diminuição no número de abusos sexuais", diz Sherman.
Ele acredita que as leis antiviolência deveriam ser tratadas como
os remédios no país. "Esse tipo de
lei só deveria entrar em vigor depois que fosse comprovada sua
eficácia e segurança."
Para Roger Lane, outro estudioso da violência nos EUA com PhD
em Harvard, as pessoas encontram pontos positivos e negativos
nessas leis.
"Advogados dos molestadores
acham que eles estão sendo punidos duas vezes quando tem seus
nomes e endereços divulgados.
Mas as pessoas em geral acham
que molestadores não se "curam'
nas prisões", diz.
Mas não seria preconceito acreditar que uma pessoa que abusou
sexualmente de uma criança vá fazer isso de novo?
Os moradores de Dilley acham
que não. Christie Unger, um dos
vizinhos que deu dinheiro para
comprar a casa, afirmou que eles
jamais se perdoariam se acontecesse alguma coisas com uma
criança e eles não tivessem feito
todo o possível para protegê-las.
"Há pessoas que acham que esses molestadores merecem uma
segunda chance. Mas essas pessoas devem oferecer seus endereços para eles" disse Darlene Larson, outra moradora de Dilley.
Você decide.
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