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Juízes fazem lobby para endurecer lei penal
Associação de magistrados apresentou projeto, que prevê um rigor maior ao crime organizado, ao governador Lembo
Uma das propostas prevê a reclusão de seis a 12 anos a quem integrar organizações criminosas; uso de celular por preso também será punido
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Apamagis, associação que
reúne os magistrados paulistas,
entregou ontem ao governador
de São Paulo, Cláudio Lembo
(PFL), um anteprojeto que prevê um endurecimento da legislação penal com vistas a aumentar o rigor no combate às
organizações criminosas.
A iniciativa surgiu após os
ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado.
Além da Apamagis, a força-tarefa de autoridades federais e
estaduais de segurança criada
após os atentados também trabalha na elaboração de um projeto de teor semelhante.
O "pacote anti-PCC" cria novos dispositivos no Código Penal. Um deles, que envolve diretamente a facção, fixa reclusão de seis a 12 anos a quem integrar organizações criminosas
de qualquer tipo. Se houver
emprego de armas, violência,
participação de menores de 18
anos e agentes públicos na organização, a pena é dobrada.
O anteprojeto enviado a
Lembo aumenta o tempo de
prisão em regime fechado para
crimes hediondos, pune o uso
de celular por detentos, aumenta a pena por bando ou
quadrilha e também amplia os
mecanismos para inibir ataques contra agentes públicos e
rebeliões e motins em prisões.
Também está na proposta
um item que pune com mais rigor detentos rebelados, principalmente quando há reféns e
danos ao patrimônio público,
como faz o PCC nos motins.
Atualmente, o preso envolvido em revoltas está sujeito a reclusão de seis meses a três anos.
Pela proposta, a reclusão passa
a ser de três a seis anos, aumentada em até dois terços caso haja reféns, uso de armas e prejuízos ao patrimônio. A punição é
triplicada se houver agentes
públicos reféns, lesões a pessoas ou uso de celulares. Caso
haja morte na revolta, a pena
será multiplicada por cinco.
Outra proposta prevê que os
condenados por crimes hediondos, como tráfico, estupro
e seqüestro, só terão direito ao
regime semi-aberto após cumprirem dois terços da pena -a
lei atual exige apenas um sexto.
"O sistema proposto dá certa
seriedade ao processo penal.
No crime hediondo, a concessão da progressão da pena após
um sexto da condenação desacredita completamente o sistema judiciário, o sistema penitenciário", comentou o vice-presidente da Apamagis, Henrique Nelson Calandra.
Celular na prisão
Outro item qualifica como
falta grave, sujeita ao RDD (o
mais duro regime em prisões
do Estado), portar celular em
prisões ou enviar qualquer tipo
de correspondência para organizar ou incitar pessoas a cometer crime fora do presídio.
Para inibir os ataques contra
agentes públicos, como ocorreu na série de atentados do
PCC, a proposta agrava a punição aos envolvidos nesses crimes. A morte do agente passa a
ser considerada homicídio qualificado, com pena que varia de
12 a 30 anos de prisão.
Também ficaria proibido que
o condenado a mais de quatro
anos possa recorrer da sentença em liberdade -a não ser por
uma decisão extraordinária do
juiz do processo.
O governador Lembo afirmou que pretende reunir a
bancada paulista de deputados
e senadores, após as próximas
eleições, para encaminhar o anteprojeto ao Congresso.
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