São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

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Para atores, o risco de câncer justifica incômodo do teste

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ninguém está dizendo que o exame de próstata é algo agradável. Mas quem se cuida e faz o teste regularmente, como os atores Odilon Wagner, 53, e Edwin Luisi, 60, afirma que "um toque" não é tão devastador como parece.
Casado há 30 anos, Wagner compara o exame com o que as mulheres sofrem no ginecologista, e admite:
"A situação delas é muito pior, imagina, ficam lá, de perna aberta, com tubo entrando, levam cutucão, o médico aperta daqui, raspa dali".
Para ele, apesar disso, o homem é muito mais patife. "A gente precisa até fazer piada antes de ir à consulta médica."
Em sua experiência, as brincadeiras sobre o exame são muito comuns em grupos de conversa masculinos.
Mas, diz o ator, não é por isso que ele vai correr o risco de contrair um câncer.
"Eu até acho graça das piadas, mas não vou deixar de ir ao médico", diz Wagner.
O ator reconhece que ele próprio se sentiu meio estranho quando marcou a consulta com o especialista.

Expectativa
"Não vou negar que a educação da gente influencia psicologicamente o homem e aumenta a expectativa com relação a um exame assim, especialmente em um país de "machões" como o nosso", diz ele, que freqüenta o geriatra desde os 40 e pouquinhos ("eu achava que fosse jovem para isso, mas a medicina hoje aconselha todo mundo a começar cedo").
Seu clínico-geral não chegou a pedir o exame ("não havia suspeita de nada grave"); apenas recomendou que o ator começasse a fazer o controle. Isso, ele conta, faz aproximadamente cinco anos.
Aos 60, Edwin Luisi diz que incluiu o exame de toque em seu check-up semestral aos 30.
"Não foi tão cedo, se você vir que logo no primeiro eu descobri que tinha o PSA alterado", conta o ator.

Atleta
Ele diz que sempre foi atleta e, desde os 11 anos, entendeu a necessidade de cuidar do corpo e da saúde.
Além do de toque, Edwin faz regularmente o exame de sangue, que mede o PSA mas não é tão conclusivo, e um ainda mais investigativo, com raspagem e cultura do material recolhido.
Edwin diz que entende o constrangimento do paciente na primeira vez, "mas aí você é esclarecido e pensa: o médico estudou e se formou naquela especialidade, faz muitos exames daqueles por dia, supostamente está acostumado".
"Dura 10 segundos, duas vezes por ano, é muito? Eu acho muito pior tomar injeção", diverte-se ele.


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