|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para atores, o risco de câncer justifica incômodo do teste
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ninguém está dizendo que o
exame de próstata é algo agradável. Mas quem se cuida e faz o
teste regularmente, como os
atores Odilon Wagner, 53, e
Edwin Luisi, 60, afirma que
"um toque" não é tão devastador como parece.
Casado há 30 anos, Wagner
compara o exame com o que as
mulheres sofrem no ginecologista, e admite:
"A situação delas é muito
pior, imagina, ficam lá, de perna aberta, com tubo entrando,
levam cutucão, o médico aperta
daqui, raspa dali".
Para ele, apesar disso, o homem é muito mais patife. "A
gente precisa até fazer piada
antes de ir à consulta médica."
Em sua experiência, as brincadeiras sobre o exame são
muito comuns em grupos de
conversa masculinos.
Mas, diz o ator, não é por isso
que ele vai correr o risco de
contrair um câncer.
"Eu até acho graça das piadas, mas não vou deixar de ir ao
médico", diz Wagner.
O ator reconhece que ele próprio se sentiu meio estranho
quando marcou a consulta com
o especialista.
Expectativa
"Não vou negar que a educação da gente influencia psicologicamente o homem e aumenta
a expectativa com relação a um
exame assim, especialmente
em um país de "machões" como
o nosso", diz ele, que freqüenta
o geriatra desde os 40 e pouquinhos ("eu achava que fosse jovem para isso, mas a medicina
hoje aconselha todo mundo a
começar cedo").
Seu clínico-geral não chegou
a pedir o exame ("não havia
suspeita de nada grave"); apenas recomendou que o ator começasse a fazer o controle. Isso, ele conta, faz aproximadamente cinco anos.
Aos 60, Edwin Luisi diz que
incluiu o exame de toque em
seu check-up semestral aos 30.
"Não foi tão cedo, se você vir
que logo no primeiro eu descobri que tinha o PSA alterado",
conta o ator.
Atleta
Ele diz que sempre foi atleta
e, desde os 11 anos, entendeu a
necessidade de cuidar do corpo
e da saúde.
Além do de toque, Edwin faz
regularmente o exame de sangue, que mede o PSA mas não é
tão conclusivo, e um ainda mais
investigativo, com raspagem e
cultura do material recolhido.
Edwin diz que entende o
constrangimento do paciente
na primeira vez, "mas aí você é
esclarecido e pensa: o médico
estudou e se formou naquela
especialidade, faz muitos exames daqueles por dia, supostamente está acostumado".
"Dura 10 segundos, duas vezes por ano, é muito? Eu acho
muito pior tomar injeção", diverte-se ele.
Texto Anterior: Para 60%, exame da próstata não é tão constrangedor Próximo Texto: Frases Índice
|