São Paulo, quarta-feira, 23 de setembro de 2009

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DEOCLECIANO TORRIERI GUIMARÃES (1933-2009)

O jornalista que escreveu obras-primas para a mulher

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Lygia apaixonou-se por Deocleciano no momento em que leu as palavras que ele havia anotado no álbum de recordações dela: "Estava escrito que tu serias minha". Terminou o noivado com outro rapaz e casou-se com ele em seguida. "Foi assim que ele me conquistou", afirma ela.
Ele tinha jeito com as palavras. Desde o antigo ginásio (atual ensino fundamental) já escrevia no jornalzinho que criou na escola, em Catanduva (interior de São Paulo).
Mudou-se para a capital, onde cursou direito, e começou a trabalhar na Folha da Tarde e na Folha.
Foi crítico de literatura e escrevia uma coluna chamada "Bilhete". Também foi o autor de contos publicados durante o Natal e o Carnaval.
Escreveu cerca de vinte livros, entre romances e biografias. E, em 1973, foi o ganhador de um prêmio Jabuti.
Autores como Franz Kafka, Diderot e Maquiavel foram traduzidos por ele.
Mas, para a família, as obras mais memoráveis são as deixadas para Lygia, com quem ele foi casado por 55 anos. Em um aniversário dela, ele comprou bombons e escreveu na caixa o poema "Doce Amargo", que criou enquanto estava no bonde.
"Mas o poeta esquivou-se/ Nesta tão poética lida/ Para te dizer: A sua amarga vida/ Só você a torna doce."
Há oito anos, Deocleciano lutava contra um câncer, que o matou na quinta, aos 76.
Deixou três filhos e seis netos.
A missa de sétimo dia será amanhã, às 20h, na Igreja São Judas Tadeu, em São Paulo.

coluna.obituario@uol.com.br


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