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DEOCLECIANO TORRIERI GUIMARÃES (1933-2009)
O jornalista que escreveu obras-primas para a mulher
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Lygia apaixonou-se por
Deocleciano no momento em
que leu as palavras que ele havia anotado no álbum de recordações dela: "Estava escrito que tu serias minha". Terminou o noivado com outro
rapaz e casou-se com ele em
seguida. "Foi assim que ele
me conquistou", afirma ela.
Ele tinha jeito com as palavras. Desde o antigo ginásio
(atual ensino fundamental) já
escrevia no jornalzinho que
criou na escola, em Catanduva (interior de São Paulo).
Mudou-se para a capital,
onde cursou direito, e começou a trabalhar na Folha da
Tarde e na Folha.
Foi crítico de literatura e
escrevia uma coluna chamada "Bilhete". Também foi o
autor de contos publicados
durante o Natal e o Carnaval.
Escreveu cerca de vinte livros, entre romances e biografias. E, em 1973, foi o ganhador de um prêmio Jabuti.
Autores como Franz Kafka,
Diderot e Maquiavel foram
traduzidos por ele.
Mas, para a família, as
obras mais memoráveis são
as deixadas para Lygia, com
quem ele foi casado por 55
anos. Em um aniversário dela, ele comprou bombons e
escreveu na caixa o poema
"Doce Amargo", que criou enquanto estava no bonde.
"Mas o poeta esquivou-se/
Nesta tão poética lida/ Para
te dizer: A sua amarga vida/
Só você a torna doce."
Há oito anos, Deocleciano
lutava contra um câncer, que
o matou na quinta, aos 76.
Deixou três filhos e seis netos.
A missa de sétimo dia será
amanhã, às 20h, na Igreja São
Judas Tadeu, em São Paulo.
coluna.obituario@uol.com.br
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