São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2000

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RIO
Peritos da Polícia Civil inspecionaram ontem equipamentos do Pão de Açúcar; viagens estão suspensas por tempo indeterminado
Cabo do bondinho tem sinais de corrosão

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Técnicos fazem a manutenção do cabo de tração do bondinho do Pão de Açúcar, que rompeu anteontem; há sinais de corrosão


RENATA MALKES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Peritos da Polícia Civil do Rio de Janeiro encontraram sinais de corrosão no cabo de tração do bondinho do Pão de Açúcar, que se rompeu na tarde de sábado.
Ontem pela manhã, fios de aço partidos e uma coloração avermelhada chamaram a atenção dos técnicos, apontando indícios de um desgaste na parte interna do cabo, feito de polipropileno revestido pelos fios de aço.
As viagens de bondinho estão suspensas por tempo indeterminado. A cada fim-de-semana, cerca de 5.000 pessoas utilizam os bondinhos.
Segundo o engenheiro Alberto Rodrigues, responsável pela perícia, foi constatada a corrosão em pelo menos três trechos do cabo. De acordo com o perito, somente uma análise mais profunda pode determinar as causas do desgaste do material.
Ao terminar a perícia, o engenheiro disse que o acidente de sábado à tarde poderia ter sido evitado caso tivesse havido uma manutenção preventiva mais cuidadosa dos equipamentos.
"As roldanas estão em perfeito estado. Esse tipo de corrosão, que começa pela parte interna do cabo de aço, chamada alma, é raríssima e difícil de ser notada. A falha da equipe de manutenção foi não fazer avaliações mais criteriosas em toda a extensão dos cabos. A qualidade do material também precisa ser analisada constantemente", disse ele.

Reparos
Pelo menos 20 funcionários da Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar, responsável pela administração do complexo turístico, passaram o dia trabalhando para substituir o cabo defeituoso.
A diretora-geral da companhia, Maria Ercília Castro, garantiu que a peça está dentro do prazo de garantia do fabricante e que vai contratar uma perícia particular para fazer uma análise paralela sobre as causas da corrosão.
"Qualquer avaliação agora é prematura. Apenas posso garantir que não houve negligência. Nos próximos dias, vamos fazer contato com técnicos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) ou da Coppe/UFRJ (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) para que haja um laudo independente."

Inspeções
De acordo com a diretora-geral, o sistema mecânico dos bondinhos passa por inspeções de profundidade com medição dos níveis de desgaste a cada seis meses e, diariamente, funcionários avaliam a situação de todo o sistema operacional antes da abertura ao público. Maria Ercília disse ainda que, de acordo com o último laudo, realizado há um mês, o cabo danificado apresentava um nível de apenas 2% de desgaste.
"Trocamos o cabo quando esse nível chega a 6%. Todo o processo de inspeção está de acordo com as regras da Organização Internacional de Transportes por Cabo (OITC), já que o Brasil não têm parâmetros definidos para esse tipo de transporte. Agora, vamos pensar na aquisição de um aparelho chamado magnetoscópio para verificar o interior dos cabos", disse o diretor técnico da empresa, Giuseppe Pellegrini.
A inspeção do cabeamento de todas as linhas do Pão de Açúcar deve durar cinco dias. A empresa pretende que os bondinhos possam voltar à operação na próxima sexta-feira.


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