São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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NEGÓCIO DE OCASIÃO

Fórmula 1 e salões internacionais elevam número de clientes e inflacionam preço de garotas de programa em SP

Corrida e eventos agitam mercado da noite

PAULO SAMPAIO
DA REVISTA

A equação é muito simples: Grande Prêmio Brasil de Fórmu- la 1 + Salão do Automóvel + São Paulo Boat Show = invasão de homens avulsos na cidade. O resultado da conta é uma significativa inflação no mercado de garotas de programa.
Pela primeira vez em cartaz ao mesmo tempo -entre a última semana e a próxima-, os três eventos devem atrair para a cidade um público estimado em cerca de 700 mil pessoas, sendo a maior parte de homens sem mulher nem crianças.
"O número de visitantes mulheres tem aumentado, mas cerca de 75% do nosso público ainda é masculino", estima o diretor do salão do automóvel, Evaristo Nascimento.
As estatísticas são iguais no salão do barco, de acordo com o executivo do evento, Ernani Paciornik. No GP, um levantamento informal da organização avalia que 90% dos freqüentadores são homens: nas arquibancadas, a proporção é de oito para uma.
O excedente masculino faz subir tudo: o preço das garotas, o das casas que trabalham com esse segmento e até o do cachê dos taxistas, que chegam a ganhar R$ 40 de comissão por cliente conduzido até esses estabelecimentos.
Essa clientela em potencial é recebida com euforia pelas casas freqüentadas por garotas de programa. "Investimos o ano inteiro para lavar a égua nesses quinze dias", diz o empresário João Gilberto de Oliveira, 37, do Romanza, casa aberta há oito anos nos Jardins.
Oliveira estima ter gasto cerca de R$ 50 mil em 32 outdoors, distribuição de 120 mil folhetos trilingües (em português, inglês e japonês) e até em um trio elétrico contratado para circular com garotas, por três dias, nas imediações do autódromo de Interlagos.
Hoje, por causa da F-1, a casa abre mais cedo para uma feijoada. O preço é o mesmo: R$ 152, da consumação mínima.
Outros três estabelecimentos visitados pela Folha também apostam no "período fértil": o Café Photo, espécie de Daslu dos bares especializados em GPs, distribuiu outdoors nas cercanias do autódromo informando que, excepcionalmente, vai abrir as portas neste domingo.
O ingresso do lugar subiu de R$ 160 para R$ 190 (ou US$ 65) na última quinta-feira.
"É um aumento irrisório. Só para controlar o ingresso e não haver superlotação", desconversa o relações-públicas do lugar, Fernando Noronha.

Dólares
O principal agente inflacionário é "o gringo". O raciocínio é o seguinte: se os estrangeiros que vêm principalmente para o GP pagam em dólar, os muitos visitantes do resto do Brasil que não acompanharem esse ritmo vão ficar sem garota. Elas contam com uma suposta vantagem na lei da oferta e da procura.
"Quem vai querer aceitar em real com tanto mecânico de Fórmula 1 lourão pagando em dólar?", pergunta Tamara, 21, que afirma que seu cachê sobe de R$ 300 para R$ 500 na alta temporada. Parece uma dedução simples, mas outros fatores interferem na equação. Afinal, as notícias, como os carros de F-1, correm -e todos querem lucrar.
"Vem menina de tudo o que é lugar para São Paulo nessa época. Então, se tem muito homem, tem muita mulher", garantem Roberta e Kelly, no salão cheio do Café Photo.

Movimento
Para o empresário Oscar Maroni Filho, 53, dono do Bahamas, "mulher nunca é demais". Isso só faz melhorar o seu negócio, já que elas funcionam, como os taxistas, atraindo clientes para consumir na casa. Ele brada com um balancete na mão, mostrando que o número de homens que visitaram a casa na época do GP do ano passado fez subir o total mensal em mil freqüentadores.
"Em noites de pico, chegamos a receber 600 homens [contra 180 dos dias normais]", diz ele, que encomendou um bolo temático de dez quilos no formato da Ferrari de Rubinho Barichello. O custo foi de R$ 1.200.
"Já estão confirmadas as presenças de Henri Castelli e Zulu, do Big Brother Brasil, para animar a festa. Fechamos o sábado para 600 convidados de uma firma de pneus", diz Maroni Filho.


Colaborou FÁBIO VICTOR, do Painel FC

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