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NEGÓCIO DE OCASIÃO
Fórmula 1 e salões internacionais elevam número de clientes e inflacionam preço de garotas de programa em SP
Corrida e eventos agitam mercado da noite
PAULO SAMPAIO
DA REVISTA
A equação é muito simples:
Grande Prêmio Brasil de Fórmu-
la 1 + Salão do Automóvel + São
Paulo Boat Show = invasão de homens avulsos na cidade. O resultado da conta é uma significativa
inflação no mercado de garotas de
programa.
Pela primeira vez em cartaz ao
mesmo tempo -entre a última
semana e a próxima-, os três
eventos devem atrair para a cidade um público estimado em cerca
de 700 mil pessoas, sendo a maior
parte de homens sem mulher
nem crianças.
"O número de visitantes mulheres tem aumentado, mas cerca de
75% do nosso público ainda é
masculino", estima o diretor do
salão do automóvel, Evaristo Nascimento.
As estatísticas são iguais no salão do barco, de acordo com o
executivo do evento, Ernani Paciornik. No GP, um levantamento
informal da organização avalia
que 90% dos freqüentadores são
homens: nas arquibancadas, a
proporção é de oito para uma.
O excedente masculino faz subir tudo: o preço das garotas, o
das casas que trabalham com esse
segmento e até o do cachê dos taxistas, que chegam a ganhar R$ 40
de comissão por cliente conduzido até esses estabelecimentos.
Essa clientela em potencial é recebida com euforia pelas casas
freqüentadas por garotas de programa. "Investimos o ano inteiro
para lavar a égua nesses quinze
dias", diz o empresário João Gilberto de Oliveira, 37, do Romanza, casa aberta há oito anos nos
Jardins.
Oliveira estima ter gasto cerca
de R$ 50 mil em 32 outdoors, distribuição de 120 mil folhetos trilingües (em português, inglês e japonês) e até em um trio elétrico
contratado para circular com garotas, por três dias, nas imediações do autódromo de Interlagos.
Hoje, por causa da F-1, a casa
abre mais cedo para uma feijoada.
O preço é o mesmo: R$ 152, da
consumação mínima.
Outros três estabelecimentos visitados pela Folha também apostam no "período fértil": o Café
Photo, espécie de Daslu dos bares
especializados em GPs, distribuiu
outdoors nas cercanias do autódromo informando que, excepcionalmente, vai abrir as portas
neste domingo.
O ingresso do lugar subiu de R$
160 para R$ 190 (ou US$ 65) na última quinta-feira.
"É um aumento irrisório. Só para controlar o ingresso e não haver superlotação", desconversa o
relações-públicas do lugar, Fernando Noronha.
Dólares
O principal agente inflacionário
é "o gringo". O raciocínio é o seguinte: se os estrangeiros que vêm
principalmente para o GP pagam
em dólar, os muitos visitantes do
resto do Brasil que não acompanharem esse ritmo vão ficar sem
garota. Elas contam com uma suposta vantagem na lei da oferta e
da procura.
"Quem vai querer aceitar em
real com tanto mecânico de Fórmula 1 lourão pagando em dólar?", pergunta Tamara, 21, que
afirma que seu cachê sobe de R$
300 para R$ 500 na alta temporada. Parece uma dedução simples,
mas outros fatores interferem na
equação. Afinal, as notícias, como
os carros de F-1, correm -e todos
querem lucrar.
"Vem menina de tudo o que é
lugar para São Paulo nessa época.
Então, se tem muito homem, tem
muita mulher", garantem Roberta e Kelly, no salão cheio do Café
Photo.
Movimento
Para o empresário Oscar Maroni Filho, 53, dono do Bahamas,
"mulher nunca é demais". Isso só
faz melhorar o seu negócio, já que
elas funcionam, como os taxistas,
atraindo clientes para consumir
na casa. Ele brada com um balancete na mão, mostrando que o número de homens que visitaram a
casa na época do GP do ano passado fez subir o total mensal em
mil freqüentadores.
"Em noites de pico, chegamos a
receber 600 homens [contra 180
dos dias normais]", diz ele, que
encomendou um bolo temático
de dez quilos no formato da Ferrari de Rubinho Barichello. O custo foi de R$ 1.200.
"Já estão confirmadas as presenças de Henri Castelli e Zulu, do
Big Brother Brasil, para animar a
festa. Fechamos o sábado para
600 convidados de uma firma de
pneus", diz Maroni Filho.
Colaborou FÁBIO VICTOR, do Painel FC
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