São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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NEGÓCIO DE OCASIÃO

Motoristas recebem de casas noturnas pagamento de até R$ 40 por cliente que transportam até elas

Comissões reforçam ganho de taxistas

DA REVISTA

"Isso aqui é como pescaria, a mulher nunca vem junto com o marido", afirma o motorista de táxi Yoshi Abenatso, 53, referindo-se ao público do salão do automóvel. Yoshi trabalha no ponto do hotel Holliday Inn, que fica ao lado do Anhembi, onde se realiza o salão, e nessa época costuma faturar um pouco mais.
"O cara que vem pro salão tem muito tempo vago. Imagina, são quinze dias. Eles caem na farra mesmo", diz Yoshi, que traduz a parte escrita em japonês, no folheto de propaganda distribuído por meninas na porta do salão (elas não podem entrar): "Isso quer dizer "Mulher quente, brasileira, modelo e artista'", explica.
Seus colegas de ponto afirmam que a temporada está melhor do que o costume, porque são três eventos. "Tem casa que oferece R$ 10, R$ 20, até R$ 40 por cliente que a gente leve. Se você pega quatro passageiros e leva pra um lugar que paga R$ 40, recusa até corrida pra Guarulhos", diz José Carlos Francisco da Silva, 47.
Em frente ao Kilt, no centro, um espanhol acompanhado de uma jovem de cerca de 20 anos negocia com um taxista o preço da corrida. "Quarenta é muito caro", diz o espanhol.
"Não trabalho com taxímetro, mas se o senhor pegar um motorista que trabalha, vai ver que não sai por menos de R$ 38", diz o taxista, enquanto o passageiro titubeia, meio alto, se segurando na garota.
No ponto do hotel Transamérica, onde tradicionalmente se hospedavam pessoas do circo da F-1, Esmeraldo de Souza, 62 anos, 40 de praça, diz que não pode cobrar um tostão a mais, porque não é autônomo. Ele se queixa.
"Antes, ganhava mais, porque não existiam todos esses hotéis aí em volta, era só a gente para servir esse cliente. Mas, mesmo assim, ainda hoje levei quatro pro Café Photo", diz ele, por volta de 23h.
Ganhou quanto? "Pouco", choraminga Souza. "Eles são dos mais pão-duros, pagam só R$ 15 por cliente."


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