São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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Economista vê injustiça em desconto

DA REPORTAGEM LOCAL

Para especialistas ouvidos pela Folha, a concessão do desconto de 50% nas tarifas de ônibus para estudantes deveria levar em conta também critérios de renda familiar. Sem isso, há um sistema de distorções em que pessoas de baixa renda financiam a passagem de estudantes de classe média e alta.
O economista Alexandre de Ávila Gomide, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e autor de estudo sobre transporte e inclusão social, diz não ver problema no fato de os estudantes serem os principais usuários do bilhete único.
A questão, na opinião dele, está em se manter um quadro de injustiça social provocado pelo desconto generalizado de 50% concedido ao segmento.
"[O problema está] na forma de se financiar os descontos. Às vezes é o mais pobre, o desempregado, que não tem vale-transporte nem desconto, que acaba pagando a tarifa cheia e assim subsidia um segmento social que talvez seja mais favorecido. Não há justiça social nesses descontos", disse.
Segundo Gomide, os descontos deveriam privilegiar os estudantes de baixa renda. "Se houvesse dinheiro suficiente para financiar todos, a passagem poderia ser até de graça. Como a gente sabe que o dinheiro não dá, tem que priorizar quem tem renda mais baixa."
(VICTOR RAMOS)

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