São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2010

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"Visitava meu filho todos os dias", diz pai

"Eu o teria acompanhado por anos, mesmo na UTI", afirma Elifas Pereira, cujo filho foi golpeado com taco de beisebol

"Espero que ele [o agressor] seja cuidado para não fazer de novo o que fez e causar tanto sofrimento", diz a mãe

Silva Junior/Folhapress
Elifas Pereira aguarda a liberação do corpo de seu filho Henrique, no IML de São Paulo

SÃO PAULO

Os pais de Henrique Carvalho Pereira se dedicaram até o fim à recuperação do filho. A seguir, trechos da entrevista com Elifas e Silvania Pereira, que falaram à Folha enquanto tentavam liberar o corpo. "Nunca desistimos", diz o pai. (ELIANE TRINDADE)

 

Folha - Como foram as últimas visitas ao Henrique?
Elifas Pereira
- Nos últimos três dias, eu tinha noção da proximidade do fim. Ele não acordava mais e foi apagando de verdade. Mas nunca desistimos. Visitava meu filho todos os dias. Lamentava pelo sofrimento e pela ausência do Henrique, mas o amor que tinha por ele era tão grande que eu o teria acompanhado por anos, mesmo na UTI.

O que o senhor espera agora do processo criminal?
A morte não muda nada. Como o agressor é considerado doente, ele é inimputável. Essa parte da Justiça está sendo bem cuidada. A Promotoria é muito empenhada.

A senhora acreditava em recuperação do seu filho?
Silvania Pereira
- No comecinho, eu tinha muita esperança. Mas com o tempo foi caindo a ficha de que, mesmo se ele saísse do coma, iria ficar com muitas sequelas.

Como se despediu dele?
Há 21 dias, depois de mais uma cirurgia. Ele já não apertava a minha mão. Só dormia. Não acordava nem reagia a estímulos. Mesmo assim, vinha todo dia e ficava com ele das 16h às 18h30.

Essa foi a sua rotina nesses dez meses?
Só faltei três dias nesse período todo e mesmo assim por estar doente e não poder entrar para vê-lo. Durante um tempo, obtive permissão para vir em um horário especial para estimulá-lo. Às vezes, quando a gente tocava o rosto dele, Henrique se agitava, como quem quer acordar. Mas, quando vi que não correspondia, passei a vir apenas na horário de visita.

O que sente pelo agressor?
Espero que ele seja cuidado para não fazer de novo o que fez e causar tanto sofrimento a outra família.


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