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SEGURANÇA
Após morte de investigador, sindicato defende que policiais civis não transportem presos sem veículo adequado
Falta de carro e de atenção facilitaram fuga
RICARDO ZORZETTO
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
Um conjunto de negligência e
falta de equipamento adequado
pode ter colaborado para o incidente que causou a morte do investigador Mauro Aparecido Gomes e deixou o policial William
Ruy Teixeira ferido anteontem,
ambos do 14º DP (Pinheiros).
Gomes foi morto e Teixeira baleado quando levavam em um carro policial sem compartimento
adequado dois presos do 14ºDP
para receber atendimento médico.
Os dois presos não estavam totalmente imobilizados. Só foi usado
um par de algemas.
"Pode ter sido negligência dos
investigadores algemar os dois
presos com apenas um par de algemas e as mãos para a frente",
disse Edmundo de Lacerda Neto,
delegado-titular do 14º DP.
Segundo o delegado, foram encontrados dois pares de algemas
no porta-luvas do Santana em que
os policiais conduziam os presos
do Pronto-Socorro da Lapa para o
distrito.
Lacerda Neto disse ainda que o
distrito não possui viaturas especiais para realizar o transporte de
presos. "Temos seis veículos em
condições de andar. São quatro
Gol, um Kadett e o Santana utilizado ontem (anteontem). Nenhum com compartimento para o
transporte de presos. São utilizados os veículos que o Estado
deu", disse.
Segundo Lacerda Neto, delegado-titular do distrito desde maio
de 1997, o último carro que recebeu do Estado foi um Kadett 96.
No entanto, o delegado negou
que faltem armas e algemas para
os policiais trabalharem. "Recebemos armas e algemas do Estado
que estão disponíveis na chefia
dos investigadores", disse.
O presidente do Sindicato dos
Investigadores de Polícia do Estado de São Paulo, Lourival Carneiro, disse que vai incentivar os policiais civis a não realizar transferência de presos quando não houver transporte adequado (carros
com compartimento traseiro específico para o fim).
A proposta será apresentada em
uma reunião entre todos os encarregados de distritos policiais da
capital que o sindicato programa
para breve.
Em outra frente, o sindicato afirma estar movendo uma ação de
inconstitucionalidade para derrubar a resolução da Secretaria da
Segurança Pública que transferiu
para a Polícia Civil o transporte de
presos para hospitais e prontos-socorros.
"O policial civil tem que ficar
tomando conta de preso. Isto era
atribuição da PM, que parece ter
mais influência junto a secretaria", disse.
Segundo Carneiro, a morte de
Gomes e a tentativa de homicídio
contra o parceiro dele foi fruto da
falência dos meios policiais.
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