São Paulo, sábado, 23 de novembro de 2002

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POLÍCIA

Foram registrados 9.607 casos até outubro, contra 8.082 no mesmo período de 2001; noite de sexta concentra ataques

Assaltos a ônibus crescem 19% neste ano

José Patrício/Folha Imagem
Ônibus da viação Himalaia que sofreu tentativa de assalto que terminou com dois menores mortos


GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Andar de ônibus ficou mais perigoso na cidade de São Paulo em 2002. Principalmente se for na periferia, sexta-feira à noite. O número de assaltos em ônibus cresceu 19% de janeiro a outubro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. É o maior número de casos desde 1999.
Foram 9.607 assaltos a ônibus desde o começo deste ano, contra 8.082 registrados no mesmo período de 2001. Essa marca só perde para os 10 mil casos nesses mesmos dez meses em 1999.
O aumento de casos é explicado, segundo o coronel Leopoldo Augusto Corrêa Filho, coordenador operacional da Polícia Militar no Estado de São Paulo, pela migração de pequenos traficantes para esse tipo de crime.
O serviço de inteligência da PM elaborou uma listagem com os nomes de 40 principais suspeitos de atuarem nos assaltos. Esse material -que contém foto e dados pessoais- foi distribuído para as unidades da periferia.
Os extremos da cidade lideram as ocorrências. Dos casos registrados de janeiro a julho deste ano, a zona sul concentrou 49,9% dos assaltos e a zona leste, 40%. Nas outras regiões de São Paulo o índice é baixo: 5,7% dos casos na zona oeste e 3,6% na norte.
As principais vítimas são os cobradores e motoristas das empresas de ônibus. Seis morreram em assaltos desde o começo do ano, segundo o sindicato da categoria. Mas a reação de alguns passageiros transforma o ônibus em palco de tiroteios.
Em dois episódios anteontem, dois passageiros reagiram -um deles era policial- e quatro assaltantes foram mortos a tiros.
Para o presidente do Sindicato dos Motoristas de São Paulo, Edivaldo Santiago, a reação do passageiro não é comum, mas pode acontecer. "Isso pode acontecer se o assaltante encontrar um policial ou um passageiro armado. Os funcionários são orientados a não reagir", afirmou. "Sabemos os locais e os horários mais frequentes, mas falta mais polícia na rua."
Segundo o coronel Corrêa Filho, a Polícia Militar percebeu o crescimento do número de assaltos a ônibus desde o final do primeiro trimestre deste ano. O serviço de inteligência fez um perfil dos principais assaltantes e das circunstâncias do crime.
Sexta-feira à noite é o momento predileto dos ladrões. Quinta, sexta e sábado concentram, segundo o coronel, 60% das ocorrências. Os assaltantes, que sempre levam pequenas quantias em dinheiro, são, na maioria, pessoas ligadas ao tráfico de drogas.
"Estamos percebendo que pequenos traficantes estão migrando para esse tipo de crime. Isso por causa da repressão ao tráfico", afirmou o coronel. Segundo Corrêa Filho, a PM aumentou as blitze em ônibus na periferia e passou a procurar os integrantes da lista de suspeitos.
O número mensal de assaltos começou a cair a partir de junho, quando a operação da PM foi deflagrada. Mas voltou a crescer no mês passado, quando foram registrados 1.020 roubos, 36% a mais do que em setembro.


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