FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O PSDB decidiu apoiar a candidatura de Antonio Carlos Rodrigues (PL) à presidência da Câmara Municipal de São Paulo. "Na [próxima] terça-feira oficializamos com um compromisso firme", afirmou ontem o líder dos tucanos, Ricardo Montoro.
O peessedebista confirmou que a maioria dos vereadores da bancada já assinou documento garantindo o apoio. Com a adesão do PSDB, a candidatura de Rodrigues é cada vez mais ameaçadora para os petistas, que indicaram Arselino Tatto (PT) para o cargo.
O PSDB é a segunda maior bancada da Casa (8 vereadores), depois da do PT (16).
Ontem, Tatto licenciou-se da liderança de governo dizendo que precisa alavancar sua candidatura e que se preocupou com a "questão ética" que envolveria a participação de um representante do governo na disputa. "É difícil cuidar disso e ainda dos projetos do governo. O outro candidato é forte".
Rodrigues, apesar de integrar a base governista, foi uma pedra no sapato dos petistas enquanto defendia abertamente instauração de CPI para investigar transferência irregular de mais de R$ 1 milhão feito pelo ex-secretário dos Transportes Carlos Zarattini para empresas de ônibus.
Depois da queda do titular da pasta no início da semana, Rodrigues, que é ligado ao setor (foi ex-presidente da Empresa Municipal de Transportes Urbanos, ligada ao governo do Estado), recuou e passou a colocar empecilhos para a instalação da CPI junto com alguns governistas.
Vereadores próximos da base de apoio de Marta na Câmara dizem que a saída de Tatto da liderança de governo foi pedido do próprio Rodrigues.
O candidato do PL nega, mas diz que colegas realmente teriam cobrado a saída de Tatto para evitar "favorecimento".
Rodrigues alinhava o apoio de toda a oposição, como o peemedebista Milton Leite, dos vereadores independentes e de não-petistas que apóiam Marta, como os parlamentares do PDT. Na Casa, fala-se que já teria conquistado 29 dos 55 vereadores, mas o candidato do PL não confirma.
"Rodrigues não é de oposição. É candidato do governo se a Marta quiser", diz Celso Jatene (PTB), do grupo de "independentes".
O presidente da Câmara, além de conduzir os trabalhos do Legislativo, pode até ocupar a chefia do Executivo em casos previstos em lei. A mesa diretora da Câmara, entre outras atribuições, pode criar cargos e decidir sobre a remuneração do prefeito.
Para Montoro, a possível participação da sigla na mesa diretora poderá alavancar candidaturas dos vereadores tucanos nas eleições de 2004. Nos últimos dois anos, o partido não conseguiu cargos na mesa diretora.
"O PT não nos procurou nunca. O critério da proporcionalidade [composição da mesa de acordo com o tamanho das bancadas], que é democrático, foi desobedecido nos dois anos. O PSDB considera importante participar da mesa, para ficar por dentro. Vemos mais possibilidades com o Rodrigues do que com o PT."

Liderança de governo
José Mentor (PT), que antecedeu Tatto no cargo de líder do governo, deverá ocupar a vaga interinamente, segundo a reportagem apurou. Considerado "um trator" pelos colegas, já teria procurado Rodrigues na tentativa de formar uma chapa de consenso. "Converso com todos na condição de vereador", diz Mentor.
Rodrigues afirma que não abre mão da candidatura. "A candidatura já não pertence mais a mim, mas a uma série de vereadores".
A eleição ocorrerá no dia 15 de dezembro, em uma votação.


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