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ÔNIBUS
Prefeitura diz que só dará informações sobre repasse a empresas, que provocou queda de secretário, para o Ministério Público
SPTrans não explica transferência irregular
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase duas semanas depois de
ser denunciada por uma transferência irregular de R$ 1,044 milhão a quatro empresas de ônibus
da capital paulista, a SPTrans (São
Paulo Transporte) decidiu que só
prestará esclarecimentos da operação e do destino da verba ao Ministério Público Estadual.
A denúncia sobre depósitos irregulares nas contas de viações foi
feita no último dia 11 por William
Ali Chaim, militante do PT, e levou à queda do secretário dos
Transportes, Carlos Zarattini.
Na semana passada, a SPTrans
pediu um prazo até terça-feira
desta semana, dia 19, para divulgar todos os detalhes da transferência do dinheiro, que foi usado
para pagar os salários de motoristas. No dia de sua saída, ao ser
questionado, Zarattini disse que a
SPTrans, empresa ligada à Secretaria dos Transportes, ficaria responsável pelas explicações.
A SPTrans enviou ontem uma
nota oficial à Folha dizendo que
as informações serão dadas "somente ao Ministério Público". A
nota diz que, com a abertura de
inquérito civil nesta semana pela
Promotoria de Justiça e Cidadania, esse tema ficou "sub judice"
-informação que não é correta.
O secretário dos Transportes,
Luiz Rangel, que está no cargo
temporariamente, afirmou ontem que a posição foi tomada para evitar interpretações infundadas e "em respeito ao ex-secretário", que prestará depoimento ao
Ministério Público no dia 28. Segundo Rangel, os relatórios da
SPTrans com as justificativas para
a operação estão prontos e à disposição de Marta, caso ela queira.
A prefeita evitou, durante toda a
semana, falar sobre assuntos relacionados ao setor de transportes.
Na manhã de ontem, em evento
de apresentação das maquetes
dos CEUs (Centros Educacionais
Unificados), no Palácio das Indústrias, Marta não concedeu a
entrevista coletiva que era prevista por sua assessoria.
Versões
A primeira versão para os depósitos nas contas das empresas de
ônibus foi a de que a verba se referia às multas aplicadas e que foram devolvidas enquanto os recursos não eram julgados. Na
época, a Folha mostrou que esse
procedimento contrariava as normas da SPTrans, pelas quais esse
dinheiro precisa ficar retido enquanto não há julgamento final.
Dois dias depois, Zarattini desmentiu a versão e afirmou que a
transferência se baseava no decreto nš 42.184. O decreto diz: "Os
saldos financeiros da conta [...]
poderão ser utilizados na gestão
financeira do sistema de transporte, desde que tal não comprometa os investimentos previstos
neste decreto".
O questionamento sobre a legalidade da operação permanece
porque os investimentos previstos no texto -qualificação de trabalhadores, modernização tecnológica e construção de terminais,
por exemplo- não foram feitos.
A outra dúvida é sobre a destinação do R$ 1,044 milhão. Na primeira versão, Zarattini disse que a
verba já havia voltado para a conta da SPTrans. Na segunda versão,
afirmou que "só uma parte" já tinha retornado -mas não soube
dizer quanto e quando.
O promotor Sérgio Turra Sobrane confirmou ontem que as
informações não estão sub judice
(sob apreciação judicial), já que,
por enquanto, não há nenhuma
ação judicial, mas só investigações. "Não pode haver sigilo de
contas públicas", afirmou. "A
prestação de esclarecimentos é
obrigatória não só ao Ministério
Público, mas a todo cidadão."
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