São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2008

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Detran "empurra" placas vetadas para 2ª e 6ª

Orientação do órgão de trânsito é priorizar os finais 1, 2, 9 e 0 para quem não faz escolha de um número específico

Detran diz que não existe normatização para escolher final de placa, mas que, "havendo disponibilidade", a solicitação é atendida

Moacyr Lopes/Folha Imagem
Motoristas de carros com placas de finais 9 e 0 aguardam na Imigrantes fim do rodízio para entrar em SP, na última sexta

DA REPORTAGEM LOCAL

Os motoristas que se mobilizam e tentam escolher seus finais de placa para não serem barrados pelo rodízio na emenda do final de semana, às segundas e às sextas, levaram a administração do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de São Paulo a tomar uma decisão que afeta aqueles que imaginam contar somente com a sorte na seleção dos números.
O departamento diz que "a distribuição de placas é aleatória", mas que a orientação é "para que sejam oferecidas, prioritariamente, placas com finais 1, 2, 9 e 0, uma vez que são as menos requisitadas pelos proprietários de veículos".
Ou seja, no que depender do órgão de trânsito, a tendência hoje é que quem comprar um carro novo receba uma placa sujeita ao rodízio às segundas ou às sextas, exceto para quem manifestar sua preferência.
Porém, mesmo quem quer escolher a placa não tem garantia de que será bem-sucedido. O próprio Detran, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma que "não existe normatização para tal procedimento", mas que, "havendo disponibilidade", a solicitação é atendida.
Nas concessionárias de veículos espalhadas pela capital paulista -e que costumam fazer as transações por meio de despachantes-, os próprios vendedores geralmente oferecem a possibilidade de escolha do final da placa a seus clientes.
Mas quem tenta sozinho pode enfrentar mais dificuldades, até pela falta da normatização admitida pelo departamento.

Requisição
A Folha esteve na última semana, sem se identificar, no setor de classificação de placas do Detran. A orientação recebida foi para comprar um formulário na banca de jornal que fica ao lado do prédio, preenchê-lo, entregá-lo e aguardar a manifestação do órgão. Mas a funcionária do órgão fez questão de ressaltar: não é certeza de que será atendido.
O formulário, na realidade, é somente uma carta dirigida ao diretor do Detran informando marca, ano, cor e chassi do veículo zero-quilômetro recém-adquirido, nome e RG do proprietário, além de cinco opções de placa de preferência.
Com erros de pontuação e linhas tortas na página, é vendida na banca de jornal vizinha ao Detran por R$ 2. Mas quem quiser pode fazer seu requerimento por conta própria.
O Detran diz que a única taxa a ser paga no emplacamento é a de R$ 57,29 -recolhida à Secretaria da Fazenda do Estado. Ou seja, a escolha da placa não requer pagamento de nenhum valor adicional -embora haja despachantes que cobrem para oferecer esse serviço.
O departamento de trânsito afirma que, na distribuição das placas do país inteiro, São Paulo tem a seqüência que vai de BFA a GKI, com exceção daquelas que são "consideradas ofensivas", como FDP e BOI.
O critério de distribuição segue a seqüência alfabética. Recentemente foi iniciada a seqüência com a letra inicial E.
O setor de classificação de placas está atualmente instalado no mezanino do prédio Mirim do Detran, no Ibirapuera.

Recusa
Os dados com a distribuição dos finais de placa da frota paulistana foram fornecidos pelo Detran na semana passada, somente após a Folha obter estatísticas fornecidas pela Secretaria da Fazenda do Estado -e que apresentavam inconsistências (provavelmente devido a algum erro do sistema), conforme reconheceu depois a assessoria de imprensa da pasta.
O mesmo pedido já havia sido feito em meses e anos anteriores, tanto ao Detran como à CET, mas era sempre recusado. (ALENCAR IZIDORO)



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