São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2008 |
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GILBERTO DIMENSTEIN O céu de Kassab
JÁ ESTÁ EM ANDAMENTO um plano da prefeitura para transformar a favela de Heliópolis numa plataforma de lançamento de uma experiência de administração pública. O modelo em construção, previsto para entrar em funcionamento no próximo ano, é um arranjo em que escolas, centros de saúde, atividades culturais, espaços esportivos, cursos profissionalizantes e projetos assistenciais formem uma única teia, concentrando recursos das mais variadas secretarias municipais. Liderada pela comunidade, a experiência, batizada de Bairro Educador, é um dos ingredientes de um projeto desenhado pela assessoria de Gilberto Kassab (DEM) para ampliar a entrada na periferia e inovar a marca social do governo. O futuro de Kassab para novos vôos e talvez até de seu partido depende de São Paulo se transformar numa grande vitrine de soluções urbanas, especialmente nas periferias. Pesquisa do Ibope, concluída na semana passada, mostra que a popularidade de Kassab está no céu: 77% de ótimo e bom. Mas ele sabe que, se não inovar, seu prestígio vai perder altura, ainda mais porque se anunciam momentos mais difíceis por causa da crise mundial. Temas como Cidade Limpa, AMAs ou fim das escolas de lata não são mais novidade e perdem um pouco do encanto publicitário -essa é uma das forças do modelo em teste em Heliópolis, um antigo reduto do PT, por significar uma montagem de teias sociais. Kassab diz que, até o final de seu mandato, quer deixar funcionando cerca de 500 unidades de clube-escola (cerca de cem já estão em funcionamento). Antigos clubes da prefeitura, a maioria deles com baixo uso ou abandonados, atualmente se convertem em espaços complementares à sala de aula. O que se pretende, segundo o prefeito, é concentrar diversas ações, como as de esporte, informática, lazer, cultura, saúde, reforço educacional e até assistência social. Seriam, em essência, um CEU sem sala de aula, mas servindo como uma extensão da escola. Dessa forma, de acordo com ele, seria menos difícil ampliar a jornada escolar para sete horas diárias -apesar dos avanços, ainda não se conseguiu, vamos lembrar, acabar, nem mesmo, com a escola de três turnos diurnos.
São medidas que ampliam alguns
programas, ainda escassos, em que
secretarias trabalham juntas. É o caso do Aprendendo com a Saúde,
compartilhado pelos secretários de
Educação e Saúde. Mais um exemplo são os projetos culturais dentro
dos CEUs, em que se misturam as
secretarias estadual e municipal da
Cultura.
A proposta faz sentido. Primeiro,
porque a educação deve ser em tempo integral. Segundo, porque para os
pobres o atendimento deve ser também integral, cuidando ao mesmo
tempo de suas necessidades -aliás,
essa é a base do programa do governo federal batizado de Mais Educação, em fase de capacitação de gestores. Marta Suplicy, se eleita, faria
uma articulação educativa semelhante, embora dando mais ênfase à
ampliação dos CEUs. Isso é apenas o
reflexo de novos consensos sobre
gestão pública.
Pelo potencial do impacto, o programa de Bairro Educador e a implantação da escola de sete horas
acoplada com espaços como os clubes estarão para Kassab como o Bolsa Família está para Lula.
PS: O Bairro Educador de Heliópolis ganhou impulso com o apoio
municipal e estadual, mas, é bom
que se reconheça, foi desenhado e
articulado pela liderança local
-mais precisamente, por Braz Nogueira, diretor de uma escola pública, convencido de que a educação é
muito maior do que a sala de aula. |
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