São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2008

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Em tempo de crise, Nordeste oferece opções de turismo

Para atender demanda interna, as companhias aéreas estão ampliando vôos para o NE; agências planejam mais fretamentos

Turistas podem escolher a preço mais baixo locais paradisíacos na região


ROBERTO DE OLIVEIRA
JULIANA CALDERARI
THEA SEVERINO

DA REVISTA

Todo fim de ano é assim. Quando o calendário se aproxima dos minutos finais, bate uma vontade danada de sumir do mapa. Quem não gosta de começar o Ano Novo com os pés e a cabeça num lugar bacana? Aí vem a crise esfriar a festa, principalmente a de quem tinha planos de cruzar o portão de embarque internacional do aeroporto de Cumbica.
Se não dá para brindar em frente à torre Eiffel ou na Times Square, uma alternativa é pular ondinhas no Brasil mesmo. Praias paradisíacas é o que não faltam.
Para atender à demanda interna, as companhias aéreas estão ampliando a malha rumo ao Nordeste. A Gol deve criar cerca de cinco linhas. A OceanAir, pelo menos quatro.
Somente a CVC, maior operadora da América Latina, programa 146 fretamentos semanais para a próxima alta temporada (de dezembro a março); 90% deles para o Nordeste. No verão passado, foram 126.
A Revista selecionou quatro destinos com os ingredientes típicos do Nordeste -praias desertas, dunas e lagoas- que prometem agradar aos mais diferentes tipos de viajante.

Boipeba
As ilhas Boipeba e Morro de São Paulo, na Bahia, são vizinhas, mas distintas; a primeira é para quem quer fugir do agito, a segunda, para cair nele.
A foz do rio do Inferno, que separa Boipeba da ilha de Tinharé, onde fica Morro de São Paulo, parece anunciar, num clima para lá de despojado, o que virá pela frente. Ao desembarcar na Boca da Barra, percebe-se que quem busca sossego encontrará ali. São cerca de 20 km de praias semidesertas. Nada de restaurantes sofisticados, axé, "lounge music", luminosos, vitrines ou ambulantes perturbando a calma ao ofertar produtos insistentemente.
Agora, se o visitante não quer isolamento em praias preservadas, então é melhor atravessar para Morro de São Paulo.
"Point" de mochileiros nos anos 70, o Morro cresceu. Tornou-se chique, ganhou pousadas bacanas e turistas de todas as partes. Muitos deles. Mas, acredite, se você quer animação, vai encontrar aos montes, principalmente no centrinho e nas primeiras praias.
Não se esqueça: em Morro não há carros. O transporte é feito com tratores, bicicletas, cavalos e charretes. Mas gostoso mesmo é andar a pé.

Delta
Único na América a ter sua foz em mar aberto, o Delta do Parnaíba, que separa o Piauí do Maranhão, é um imenso quebra-cabeça de lagoas de água doce, dunas de areia branca, florestas e manguezais.
Antes de desaguar no oceano, o rio Parnaíba se divide em cinco braços diferentes. Durante as quase oito horas de duração do passeio, as embarcações tradicionais, com capacidade para até 90 pessoas, têm que se locomover por ali lentamente, pois há diversos bancos de areia pelo caminho.
O delta e suas margens reservam ainda uma opção para aventureiros e amantes da natureza. Durante um safári noturno, também chamado de focagem, é possível observar um ecossistema bastante particular. Navegando em voadeiras, pequenas embarcações de madeira, os turistas seguram lanternas na esperança de encontrar jacarés, cobras, iguanas e pássaros nas cerca de quatro horas de duração do passeio.

Lençóis
Com o tamanho equivalente ao da cidade de São Paulo, Lençóis Maranhenses é um festival de dunas, lagoas, rios e simpáticos vilarejos. A região reúne uma imensidão de lagoas.
Mas, acredite, aquilo é um deserto. Pense no Saara. Só acrescente 300 vezes mais de chuva. Pronto. Está explicado por que até mesmo na época da seca, as lagoas estão lá, prontas para você se jogar.
Nos Lençóis Maranhenses, a sensação é a de miudeza, de ser uma formiguinha no meio de uma imensidão de areia.
O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses é dominado por dunas que chegam a 40 metros e por uma seqüência de lagoas de água transparente, às vezes azul, outras, esverdeadas, formadas pelas chuvas.
O ponto de partida para conhecer o parque é a pequenina e simpática Barreirinhas. É lá que ficam as principais pousadas, restaurantes, lojas de cerâmica e saída dos passeios. Sem contar, claro, os animados bailinhos de forró.

Costa Branca
Por fim, o quarto destino indicado é Costa Branca, no extremo do Rio Grande do Norte. O nome é uma alusão às dunas e montanhas de sal que predominam na paisagem, somadas às praias desertas, de águas claras e mansas.
Esse pedacinho do litoral nordestino permanece inexplorado. A melhor e mais divertida forma de chegar à região é se aventurar pela praia a bordo de um veículo 4x4. É necessário tomar certos cuidados. Cabras caminham sobre as dunas e jegues pastam à beira-mar.
Mas é nos arredores de Ponta do Mel, cidade vizinha a Porto do Mangue, que está um dos lugares mais fascinantes da região: as dunas do Rosado. Móveis, as dunas imperam sem nenhuma cobertura vegetal. Rosado fica apenas a 10 km da praia, mas a sensação de quem está lá é a de estar perdido no Saara.


O repórter ROBERTO DE OLIVEIRA viajou a Costa Branca a convite da Gol Linhas Aéreas Inteligentes e da Venturas & Aventuras; a repórter JULIANA CALDERARI e o repórter-fotógrafo JEFFERSON COPPOLA a viajaram ao Delta do Parnaíba a convite da organização do Ecomotion


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